Após o apuramento final dos
resultados, o PS consegue obter o resultado de 36%, o PSD sozinho ou coligado à
volta dos 31%. Se a isso juntarmos o CDS, os partidos que nos governam ficam com
34,5% dos votos. Olhando apenas para os números e contando as câmaras,
dir-se-ia que é uma vitória estrondosa do PS e uma grande derrota,
principalmente para o PSD, que perde mais de 100 mandatos (vereadores).
Mas estes resultados têm de ser
lidos influenciados pelo enquadramento económico que o país atravessa. E aí, é
perfeitamente visível que o PS tem um resultado medíocre. Comparativamente a
2009, o PS perde 273mil votantes. Seguro consegue atingir os objetivos a que se
propôs, mais 1 voto que o PSD, mas não consegue capitalizar o momento atual do
país e o descontentamento da população perante a realidade económica. O PSD não
deixa de ser um derrotado destas eleições e o CDS pode “gritar” vitoria porque quintuplicou
os seus autarcas e “colou-se” de forma bem oportuna a Rui Moreira no Porto.
As grandes vitórias da noite são
para a CDU e os Independentes. O Alentejo volta a ser vermelho e a península de
Setúbal volta a ser também um bastião comunista. Ainda assim é curioso ver que
a base eleitoral não muda muito. Versus 2009 a CDU apenas cresce 13mil votos. A
grande questão é que em municípios pouco populosos esse número teve um impacto
relevante. Mas este número não permite concluir que o voto de protesto tenha
sido na CDU. Os Independentes, com vitórias importantes em concelhos de
referência como o Porto, Oeiras e Matosinhos e ficando quase em Sintra foram os
outros vencedores da noite. Estes movimentos cresceram 120mil votos. Se
juntarmos abstenção, nulos e brancos, que fazem um total de mais 300mil
eleitores, dir-se-ia que o voto de protesto não foi para a CDU, muito menos
para o PS e ainda menos para outros partidos.
A grande hecatombe deu-se na
Madeira, onde o Jardinismo entrou oficialmente em declínio. Do ponto de vista
da gestão orçamental da região autónoma parece-me que indiretamente este foi um
curioso resultado, Jardim em jeito de vingança vai fechar as torneiras aos municípios
que não são PSD permitindo uma melhor racionalização dos fundos regionais.
Em jeito de conclusão, Seguro “Segura-se”
mas colado com saliva. Nitidamente o eleitorado da ala centro/direita não lhe
deu o voto de confiança em forma de protesto/alternativa e algum do
centro/esquerda também não. Costa com a enorme vitória em Lisboa mostra mais
uma vez que será a sua sombra para os próximos tempos. O PSD e Passos Coelho
saem derrotados, mas apesar de tudo o que têm feito, não viram os resultados
das suas políticas serem chumbados pelos portugueses. Fica claro que os maus
resultados autárquicos do PSD devem-se mais a tiros no pé com péssimos candidatos a perderem municípios que estavam garantidos, como Sintra e Gaia, e até mesmo o
Porto. Consequentemente, derrota pesada para o líder do PSD e uma derrota esperada para o Primeiro Ministro.
Como nota final seria impossível branquear
a vitória de Isaltino em Oeiras, o concelho mais “inteligente” do país confia em
criminosos. Mostrando que não existe qualquer relação entre formação académica
e formação cívica.
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