Eu vivo num país em que
o (des)governo acaba de anunciar mais austeridade e mais cortes,
desta vez nas pensões de viúvez a partir dos 600 euros
Eu
vivo num país em que
apenas há um serviço de urgência nocturno em funcionamento para
toda a capital.
Eu
vivo num país em que os professores são desprezados, empurrados
para o desemprego, mas onde o governo paga rendas extraordinárias
pelas “melhorias” do parque escolar -
obra de parcerias publico-privadas -
e anuncia com grande pompa e
circunstância o maravilhoso “cheque escolar” que permitirá à
plebe o acesso às escolas privadas da (pseudo) elite...Uma
pura ilusão, tendo em conta que o que distingue essas escolas não é
a qualidade do ensino ( onde pensam que foram formados os seus
professores? ), mas a segregação
social...
Eu
vivo num país em que se prevê o desaparecimento de mais 22 mil empregos...
Mas
… Eu vivo num país onde,
no meu bairro, que virou “trendy” recentemente, novos
centros comerciais de nome pomposos como “Embaixada” e
restaurantes finos de
nome “franciú” para impressionar o freguês -
“Le jardin” -
aparecem;
Eu
vivo num país onde o povo acode em massa às
“faixone
naites”,
luzindo o seu melhor “outfit”, copiado dos blogs de moda que
glorificam o consumismo e vivem de publicidade encoberta...
Mas
deserta manifestações e qualquer acto de contestação.
Eu
vivo num país onde, na
noite das eleições autárquicas,
o líder de audiências é
o“Big
Brother” e a verdadeira vencedora a abstensão.
E
pergunto-me:
Onde
estão as vítimas das políticas supracitadas? Onde está quem sofre
na pele a destruição do estado social sem precedentes desde o fim
da ditadura? Será que estão a jantar, tal os “vencidos da vida”
nos
Maias, a filosofar, enquanto têm uns trocos para gastar em bebidas
porque reinvindicar a sério
é para “os esquerdistas
radicais
que cheiram mal” ?
De
onde vem esta apatia e até quando durará?
Qual
é a realidade do país?
Cidadão
português com consciência procura-se.
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