“Unemployment can be blamed on a deficiency in aggregate
demand (the total demand for goods and services in the economy, from consumers,
from firms, by government, and by exporters); in some sense, the entire
shortfall in aggregate demand – and hence in the U.S. economy – today can be
blamed on the extremes of inequality. As we’ve seen, the top 1% of the
population earns some 20% of U.S. national income. If that top 1 percent saves
some 20 % of its income, a shift of just 5 % points to the poor or middle who
do not save – so the top 1% would still get 15% of the nation’s income – would
increase aggregate demand directly by 1 % point. But as the money recirculates,
output would actually increase by some 1 ½ to 2 percentage points. In an
economic downturn such as the current one, that would imply a decrease in the
unemployment in early 2012 standing at 8.3%, this kind of a shift in income
could have brought the unemployment rate down close to 6.3 percent. A broader
redistribution, say, from the top 20% to the rest, would have brought down the
unemployment further, to a more normal 5 or 6 percent.”
The price of inequality, Joseph E. Stiglitz, 2012
Portugal, vive
actualmente uma situação preocupante ao nível de taxa de desemprego, sendo a taxa actualmente de 17%, representado o desemprego de longa duração
(mais de 25 meses) já mais de 60% do total de desempregados. As taxas de IRS em
Portugal estão neste momentos bastante altas, sendo que a mais elevada está actualmente em 54% (48% + 3.5% de sobretaxa IRS para todos os
escalões + 2.5% de taxa adicional para o último escalão).
Analisando o
pequeno excerto referido acima, é nos dito (apesar de a análise ser referente
aos Estados Unidos da América, em baixo cito estudo feito sobre a desigualdade no rendimento em Portugal) que retirando 5% do rendimento dos 20% maiores rendimentos
e aumentado em 5% o rendimento dos 20% mais baixos, tal medida iria
aumentar a procura entre cerca de 1 ½ % e 2%, juntando ainda o facto de 20% do
rendimento dos 20% maoires rendimentos não ser gasto, enquanto que nos 20% mais pobres
não existe poupança. Assim, apesar de estarmos a falar de uma medida que iria
criar polémica e crítica, estamos a falar de uma medida que poderia ter um
impacto significativo no aumento do crescimento económico e na diminuição do
desemprego.
Na publicação “Distribuição do Rendimento, Desigualdade e Pobreza, de Carlos
Farinha Rodrigues (2007)” é referido que “ao longo dos anos 90 Portugal
conheceu um crescimento económico assinalável que se repercutiu no aumento do
bem-estar social da população”, contudo "esse crescimento não beneficiou
de igual forma todos os segmentos da distribuição, isto é, nem todos os
indivíduos beneficiaram de igual forma da melhoria do bem-estar proporcionado
pelo crescimento real do rendimento". “O padrão altera-se a partir de
1995. Na verdade, até à primeira metade da década a assimetria social aumentou
generalizadamente, mas com particular ênfase entre os detentores de maior
rendimento e as famílias mais desfavorecidas. Por seu turno, entre 1995 e 2000
assiste-se a uma atenuação das desigualdades, sobretudo nos níveis de
rendimento inferiores à média. Em contrapartida, a distância entre estes e os
mais favorecidos continuou a intensificar-se. Isto é, a desigualdade entre os
mais ricos e os mais pobres não só não diminuiu como manteve o seu crescimento,
embora a um ritmo menos acelerado. O que efectivamente se alterou foi a
condição socioeconómica dos estratos mais baixos (melhorou sensivelmente).”
O estudo demonstra que as políticas sociais levadas a cabo na segunda
metade dos anos 90 tiveram um impacto positivo na inversão de certas tendências
que vinham desde o início da década. Contudo, este não alterou substancialmente
os níveis de prevalência de pobreza, já que a percentagem de pessoas a viver
com rendimentos inferiores à linha de pobreza (60% do rendimento mediano, por
adulto equivalente) não sofre alterações significativas - permanecendo na casa
dos 19% (segundo as estimativas do autor para o ano de 2000, um milhão
novecentos e cinquenta e mil portugueses).
Este tipo de análise poderá ser
controversa, pois sempre que se fala na hipótese de aumento de impostos sobre
os rendimentos mais altos, aparecem logo nos media notícias de que estamos em
risco de perder rendimento, pois deixamos de ser atractivos para a tributação de
rendimento comparativamente com outros países europeus. Contudo, creio que se
deveria ter em conta que necessitamos de ideias que possam melhorar o nível de
desemprego e aumentar o crescimento económico e as opções que temos são
diminutas. Apesar de achar que a sociedade portuguesa não é suficientemente
madura relativamente a políticas de redistribuição, e sempre que se fala em
aumentar impostos apenas para os rendimentos mais elevados se ouvir um bruá nos
media, creio que se fosse feito um estudo que comprovasse, que com um aumento
de imposto de 5% para os rendimentos mais altos da população e correspondente
diminuição desse imposto para os 20% mais baixos, esta medida teria uma
repercusão ao nível de crescimento económico e diminuição da taxa de desemprego
tal seria provavelmente encarado de outra forma. Se esses 5% do rendimento mais
alto forem comprovadamente poupados por quem os aufere e puderem ser usados
para injectar dinheiro na economia, não era uma medida pertinente? Não era
louvável para quem tem empresas (grande parte dos 20% de rendimentos mais altos
devem inclusive ser empresários) poder ver a actividade das empresas aumentar? Tudo isto
está interligado, pois com um aumento de rendimentos injectados na economia, o
desemprego diminui, são pagos mais impostos, as empresas vendem mais......
No clima actual em que se fala inclusive de corte nas pensões de
sobrevivência superiores a 600 euros, acho que todas as possibilidades que possam ajudar a economia e o desemprego a melhorar deveriam ser analisadas. Sem tabus!
esta malta ja anda a acompanhar o blog!
ResponderEliminarhttp://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=433261
LOL. Começou a revolução....ehehehe
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