sábado, 30 de novembro de 2013

LIVRE?

Rui Tavares vai criar um novo partido político, chama-se LIVRE e terá como princípio basilar ser um partido de convergência, capaz de fazer o que não tem sido feito na esquerda portuguesa. Em teoria, a ideia parece interessante, pois convergência a esquerda e algo que não tem acontecido na política portuguesa.
Rui Tavares e um pensador interessante, contudo tem uma história política que não sei se será a ideal (há histórias ideais em política?), pelo que não sei se será a lufada de ar fresco que o JAE falava recentemente aqui no blogue.
Assim, análise-se a história do arauto da convergência, entrou nas listas do bloco nas ultimas europeias, como independente. Aliás como ele gosta de dizer, para um lugar não elegível, mas que acabou por o levar ao parlamento europeu, dado o ênfase que ele da a este ponto imagino que estes anos no parlamento europeu tenham sido de grande sacrifício pessoal. Incompatibilizou-se com o bloco, tendo inclusive rompido com a delegação do bloco no parlamento europeu, juntando-se como independente ao grupo dos verdes no parlamento europeu. Na apresentação do novo partido LIVRE Rui Tavares diz quando questionado pelo facto do partido estar a ser criado antes das eleições europeias que se for necessário ele não ser candidato o fará por prazer, estamos claramente perante um mártir na política, sacrifica-se através da sua presença no parlamento e agora sacrifica a sua eleição para a convergência da esquerda.
Digamos que talvez esta não seja a história ideal para limpar o ar bafiento da política portuguesa, tendo em conta que o sr.convergência pretende agregar a esquerda, mas já se incompatibilizou com o bloco, logo não se da grande exemplo de convergência. Estamos perante a máxima "façam o que eu digo, não façam o que eu faço"?

2 comentários:

  1. Não querendo fazer o papel de advogado do diabo, até porque não me coloco do mesmo lado da barricada em muitos dos seus combates, permite-me discordar veemente do teu artigo. Acima de tudo porque acredito que pelo que já fez, Rui Tavares merece, no mínimo, o benefício da dúvida.

    Abandonou o BE por razões que à luz dos factos me parecem perfeitamente plausíveis e razoáveis. E se tais possam estar sob uma bruma de dúvida, relembro outros famosos dissidentes, independentes e não independentes desse enorme partido que prima pela liberdade e igualdade, sempre com base no profundo respeito pela diferença que não seja a do dogma em que assentam os seus estatutos. Daniel Oliveira e José Sá Fernandes. Como sei que gostas de fundamentos sólidos, deixo as notícias, se bem que o seu editorial possa sempre deixar espaço para diferentes interpretações.

    Mais acrescento, que se fosse do interesse Rui Tavares perpetuar (se bem entendida a ironia de mártir) a sua estadia em Bruxelas/Estrasburgo poderia muito bem aceitar o convite que o PS lhe fez para integrar as suas listas.

    E porque muito do que se passa no parlamento europeu não atinge a audiência da mesma forma que a indignação dos sindicatos ou dos patrões, destaco também o excelente trabalho desenvolvido por Rui Tavares e demais deputados europeus nas acusações feitas ao Governo Húngaro (membro da UE) de violação dos direitos humanos.

    Agora a bibliografia :)

    http://expresso.sapo.pt/rui-tavares-rompe-com-o-bloco-de-esquerda=f656950
    http://expresso.sapo.pt/daniel-oliveira-abandona-bloco-de-esquerda=f791446
    http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=1136157
    http://www.publico.pt/politica/noticia/rui-tavares-admite-ser-candidato-as-europeias-por-um-partido-com-primarias-abertas-1611417
    http://sicnoticias.sapo.pt/programas/reportagemespecial/2013/11/26/hungria-e-o-primeiro-pais-da-ue-acusado-de-violar-os-direitos-humanos

    Um abraço my friend

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  2. Como eu disse o Rui Tavares é um excelente pensador, sem dúvida e apresentou trabalho, tendo inclusive atribuído bolsas de estudo, o que mostra que é um indíviduo que sabe olhar para os outros e valoriza a investigação, pensamento, coisa que muita falta faz à maioria dos políticos. Aí estamos inteiramente de acordo.
    O meu artigo também não pretende ser um defensor acérrimo do Bloco de Esquerda, pelo contrário. O Bloco é um partido cheio de quezílias, pela quantidade de quadrantes diferentes que juntou na sua criação, algo que até hoje cria muitas divisões.
    O artigo pretende ser apenas uma reflexão sobre a convergência, algo que segundo o Rui Tavares estará na génese do LIVRE e a meu ver, pela maneira como ele rompeu com o Bloco não sei se será o melhor exemplo para vir pedir convergência de esquerda, se a convergência de esquerda é algo inexistente em Portugal, será este o rosto agregador da esquerda? Um homem que já rompem com um dos partidos supostamente a englobar na convergência?
    Essa história do convite do PS não sei se será bem verdade, pois ele foi sondado pelo Assis, que foi candidato contra o Seguro, pelo que nos jogos políticos não sei o que isso significa......

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