As "110 páginas úteis" do guião, como lhe chamou ontem, são de uma pobreza inacreditável. Não é sequer um catálogo de pronto-a-vestir político. É uma loja dos 300 onde, no meio de ideias copiadas, avulsas e superficiais, encontramos um ou outro ponto que é possível debater, mas apenas por causa do nosso desespero coletivo."
Opinião afiada, directa, cínica, sarcástica, verdadeira e cómica. Da esquerda à direita nunca deixando de passar pelo centro radical.
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Paulo Portas: vergonha alheia
As "110 páginas úteis" do guião, como lhe chamou ontem, são de uma pobreza inacreditável. Não é sequer um catálogo de pronto-a-vestir político. É uma loja dos 300 onde, no meio de ideias copiadas, avulsas e superficiais, encontramos um ou outro ponto que é possível debater, mas apenas por causa do nosso desespero coletivo."
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
domingo, 27 de outubro de 2013
A tempestade perfeita... para sair de fininho
O Governo está apostado na teoria da tempestade perfeita e onde irá arranjar um álibi de nome Tribunal Constitucional para sair de cena.
Os fracassos consecutivos, as metas que nunca foram atingidas mas que os nossos professores dizem que estamos aprovados, o correr atrás do resultado... está mais do que visto que o 2º resgate ou programa cautelar, qualquer que seja o nome, vai acontecer e este Governo foi o único responsável por estes fracassos económicos mesmo quando avisado por membros dos seus partidos para os perigos de amar e abraçar a Troika com toda a devoção sem antes medir os impactos na economia real... agora vão tentar a jogada de mestre.
Fazem um OE inconstitucional, e sabem que o é, porque já foram chumbadas medidas anteriormente por serem inconstitucionais, levam o ataque ao TC ao extremo, ameaçam órgãos de soberania, criam uma nuvem de fumo para quando as normas foram chumbadas, pois irão ser.... terem o álibi perfeito e dizer que estava tudo a correr bem.... até estas medidas serem chumbadas.
Nesta altura do campeonato só alguém intelectualmente diminuto vai cair num argumento destes.
O Governo e a Europa falharam no ataque à crise da dívida soberana.... falharam, ou não dependendo dos interesses.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
O sumo da mudança
Eurico Brilhante Dias, destacado
deputado socialista e um dos homens fortes de Seguro na área económica deu uma entrevista interessante ao jornal i.
Apesar de fazer fortes acusações
ao presente Governo, Brilhante Dias assume que duas questões
fraturantes afinal não o são assim tanto no panorama atual de assistência financeira
externa. Desmascarando o discurso básico e rasteiro do seu líder.
Questão fraturante nº1 – «Os
funcionários públicos e pensionistas têm de manter os salários»
Mas quando questionado se isso é possível
dentro das metas atuais impostas pela troika Brilhante não podia ser mais
brilhante, “o que propomos não é compaginável com ter 4% do PIB em 2014”.
Questão fraturante nº2 - «Temos
de aliviar a carga fiscal de modo a garantir o crescimento económico»
O especialista na área económica do
PS volta a revelar-se, «temos de ser parcos em promessas» e «perante o quadro
de 4% dificilmente». Ora cá está. Como é sabido o governo tentou negociar
aliviando o défice de 2014 para 4,5%. A troika não aceitou. O PS não conseguiu
ainda apresentar razões porque consigo a negociação seria diferente, ou será
que os lindos olhos de Seguro servirão para os convencer?
Perante a conjuntura atual, entre
PS ou PSD não há temas fraturantes, há apenas detalhes. O sumo das políticas
governativas pode mudar de cor, mas vai saber todo ao mesmo.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
“Centenas” de inscritos em congresso sobre vida e obra de Cunhal
Sócrates, um gajo porreiro pá
Depois da entrevista à RTP, segue agora entrevista de fundo à Revista do Expresso.
Para além de continuarmos a testemunhar que Sócrates é um tipo muito cheio de si, continua em falta um pingo sequer de humildade.
Não é um mal exclusivo de Sócrates, embora no caso dele sobressaia bastante. É extraordinário como todos os ex-primeiros-ministros de Portugal nunca reconhecem uma falha na sua governação. Culpa própria, népias. Culpa dos outros e do mundo, sim.
sábado, 19 de outubro de 2013
O que é esta imagem ....
... é aquilo que os os espanhóis têm, os franceses têm e os gregos têm.
... um dia espero que os portugueses os consigam ter também para não sermos uma vergonha para as gerações vindouras.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Piegas, masoquistas e o pedido de desculpa
Nos últimos
tempos tivemos alguns momentos mediáticos que gostava de analisar de figuras
ligadas ao estado português.
Momento 1: Há uns
meses atrás, o Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho disse que os portugueses
deviam ser “menos piegas”. Afinal os portugueses queixam-se demasiado e não
sabem lançar “mãos à obra”.
Momento 2: Numa
recente viagem à Súecia, o Presidente da República, Cavaco Silva dá o dito por
não dito, e afirma que se os credores externos (Fundo Monetário Internacional,
Banco Central Europeu e Comissão Europeia) afirmam que a nossa dívida externa é
sustentável, quem em Portugal afirma que a dívida pública não é sustentável não
passa de “masoquista”. A ter em conta o facto de no passado o Presidente da
República ter afirmado por variadas vezes que a dívida era insustentável (num
artigo de 4 de Outubro de 2013 no Público eram citados 3 exemplos de
declarações do Presidente a alertar para este facto). Estamos aqui, perante
mais um exemplo de descredibilidade política. Que sentido faz o Presidente ter
um discurso para o interior do país e outro para o exterior? Não estamos por
acaso num mundo em que a informação está acessível a todos? Por acaso na Súecia
não se sabe o que se passa em Portugal? Será que após estas declarações a
procura de dívida externa portuguesa disparou?
Momento 3: O
célebre pedido de desculpa aos Angolanos feita pelo Ministro dos Negócios
Estrangeiros, Rui Machete, em que este “garantiu que tudo não passa de
burocracias e formulários” relativamente aos processos judiciais em curso em
Portugal contra dirigentes de Angola.
Deixo aqui umas
palavras da parte dos portugueses, que não querem ser um fardo para estes
senhores. Os piegas portugueses que se queixam das constantes medidas de
austeridade, pedem desculpa por se queixarem das medidas e não saberem olhar
para as mesmas, como algo que será benéfico para o país, como o futuro irá
provar. Obrigado pelas suas palavras Sr. Primeiro Ministro, agora vemos finalmente
a luz ao fundo do túnel.
Os masoquistas
também pedem desculpa por porem em causa a sustentabilidade da dívida
portuguesa, realmente não há palavras,
se as entidades externas dizem que a dívida é sustentável, não se pensa mais
nisso, este assunto está arrumado. Obrigado Sr. Presidente.
Sr. Ministro dos
Negócios Estrangeiros também fica aqui um pedido de desculpas, e um
agradecimento por ser visionário o suficiente e ter pedido desculpa aos
Angolanos, afinal eles investem no nosso país e nós ainda temos casos contra
eles em tribunal?
A todos fica um pedido
de desculpa por Portugal ser um país tão incompreensível. Por favor não desistam de
nós.....
O negro corrupto
José Eduardo dos Santos cortou com Portugal, mas o mais
interessante nas suas declarações foi a acusação a empresas de outros estados para
além do português. «Anualmente são levados de Angola biliões de dólares por
empresas portuguesas, francesas e americanas.»
Não é clara a razão para esta acusação. Mas certamente há aqui
uma intenção geopolítica por detrás destas palavras.
Por fim, o presidente angolano aluindo às sucessivas
suspeitas sobre membros da cúpula angolana/africana, adianta que "de um
modo geral, se cria a imagem, de que o africano rico é corrupto ou suspeito de
corrupção".
Sr. Presidente, permita-me interpelar sua senhoria, o
africano rico não é corrupto nem suspeito de corrupção. É igual ao europeu
rico, ao americano rico ou ao asiático rico.
Agora o africano que é rico porque fez fortuna às custas
duma ditadura, que apesar de ser o 4º/5º país mais rico de África e o 60º do
mundo, continua a ter pessoas que passam fome e a atropelar os direitos humanos,
ora esse africano rico, Sr. Presidente, tem tudo para manter essa imagem que
fala bem viva.
É deliciosa a ironia dessa frase Sr. Presidente. Proferida
pelo ditador africano há mais tempo no poder, 34 anos e a contar!
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
A partir daqui vale tudo....
"Nunca tive qualquer relação com o BPN ou com as suas empresas, a não ser a de depositante para aplicação de poupanças, quando era professor universitário."
Cavaco Silva, 17 de Outubro de 2013
Eu cá acho que já falta menos para o Mário mandar o governo se foder...
«Para o comentador político [Marcelo Rebelo de Sousa] a "quarta idade de Mário Soares permite-lhe dizer coisas que outros não dizem".»
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Marcelo Rebelo de Sousa,
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quarta-feira, 16 de outubro de 2013
OE 2014: "Exercício de Libertação"
Nem tudo são notas negativas relativas a este Orçamento de Estado 2014, eis alguns pontos positivos que passo a citar:
- É o último OE apresentado por este Governo PSD/CDS*
- O OE não irá ser cumprido na sua totalidade
- O CDS ao aprovar este OE arrisca-se a deixar de ser o partido do táxi e passar a ser o partido do side-car
- Cortar pensões de 419€ é passar a Troika pela direita, fazer um manguito e passar factura com contribuinte
- A maior parte das medidas irá chumbar no TC
Se Portugal crescer 0,8% no próximo ano e tiver um défice de 4%, irei cortar o meu testículo esquerdo em directo no Skype. Tenho dito.
"Este OE é um exercício de libertação" Luis Menezes, PSD
"O trabalho liberta" ... vocês sabem
* sim, vai haver eleições legislativas para o ano, ninguém vai assinar um novo resgate sem haver eleições antecipadas.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Masoquismo
Voltando ao tema
abordado por NRF recentemente, sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa,
não podia estar mais de acordo de que não tem existido uma verdadeira análise
sobre o problema com que nos deparamos e as implicações que o aumento galopante
da dívida actual do país poderá ter para o nosso futuro. Desde que teve inicio
a ajuda externa em Portugal, no ano de 2011 a dívida pública aumentou consideravelmente,
situando-se actualmente em cerca de 130% (2011: 108,3%; 2012: 123,6%). A taxa
de desemprego também aumentou para níveis assustadores, sendo actualmente de cerca
de 17% (2011: 12,7%; 2012: 15,7%). Antes de regressar ao caso português chamo a
atenção para o caso grego, do qual conhecemos recentemente alguns dados para
2014:
·
contração
da economia de cerca de 25% desde 2008
·
aumento
da dívida pública em % do PIB de 105% em 2008 para 175% actualmente
·
aumento
da taxa de desemprego de 8% em 2008 para 28%
·
taxa
de desemprego jovem (entre os 15 e os 24 anos) de 65%
Após estes dados
assustadores, estima-se que em 2014 o orçamento grego apresente pela primeira
vez um superávit excluindo os pagamentos da dívida. Assim, consideram os
analistas que a única possibilidade para a economia grega passam por novo
perdão de dívida, caso contrário todo o esforço até aqui efectuado terá sido em
vão. Ou seja, olhando para o caso grego, em que foram aplicadas várias medidas
de austeridade em muito semelhantes às ocorridas em Portugal, constata-se que
essas apenas serão viáveis após nova renegociação da divida. A frase que cito
em baixo é elucidativa:
"Greece's exit from the crisis is being made much more
politically difficult and socially painful than is needed,". "The
spread and depth of austerity that lenders have insisted on has been much too
severe. There has been success, but success at what price? If this is success,
who wants to be rescued like this?"
Prof Kevin
Featherstone, director of the London School of Economics Hellenic Observatory
Relativamente ao
caso português, e apesar das recentes críticas de Cavaco Silva na Suécia aos
masoquistas portugueses, foi referido por Paulo Trigo Pereira e Pedro Lains recentemente
ao Público, que a dívida portuguesa na situação actual não é sustentável.
Segundo o Jornal Económico os detentores da dívida pública portuguesa são:
18% UE/FMI
42% gestores de activos, fundos soberanos e bancos centrais
12% bancos comercais portugueses
4% Bancos comerciais alemães
4% Bancos comerciais franceses
13% BCE
Ou seja, partindo
do pressuposto que os masoquistas tem razão admita-se uma renegociação da dívida
portuguesa. A grande questão se for necessária a renegociação da dívida
portuguesa é a forma como se apurará quem assume as perdas. Se essa via for
seguida a pressão dos detentores de dívida externos será bastante intensa,
existindo uma forte possibilidade de que venham a ser exigidas perdas avultadas
aos detentores de dívida nacionais, não nos podendo esquecer de que dentro dos
42% enunciados atrás está incluindo o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança
Social (FEFSS) do qual cerca de 55% está já aplicado em dívida pública tendo o
governo aprovado recentemente a possibilidade de este fundo poder fazer
reforços da dívida pública até 90%. Claro que é elementar que se o FEFSS tiver
que assumir perdas tal terá um impacto bastante negativo nas contas portuguesas,
dado que na situação actual o fundo da Segurança Social já não é suficiente
para fazer face aos compromissos futuros. Ficamos assim a aguardar quem terá
razão, se os masoquistas ou os crentes.
Quo vadis Portugal? Quo vadis Europa?
Nesta noite de publicação do OE2014, vulgo roubo generalizado, e tendo em conta a mediocridade da nossa vida política, convém interrogar-nos sobre a questão: De onde virá a nossa salvação?
O nosso querido governo, que age mais como um representante de um protectorado económico do que como o de um país soberano, continua a apregoar uma futura retoma económica e a vender lá fora, aos nosso credores e à patroa alemã, que o povo português vai cumprir os designos da Troika "custe o que custar". Mansinhos...Sem estrebuchar como os Gregos e a sua vergonha neonazi, ou os ingovernáveis Italianos, ou ainda os Espanhóis e as suas plataformas anti-despejo e regiões com laivos independentistas.
Não me parece haver num futuro próximo nenhuma mudança de política europeia que vote num perdão parcial ou compra directa da nossa dívida, o que permitiria diminuir o sufoco do nosso pequeno país.
Quanto às próximas eleições europeias, adivinha-se o pior. A extrema direita alastra: da Grécia à Austria e agora em França onde os eleitores tradicionais da esquerda, desiludidos com um PS que aplica as mesmas receitas neo-liberais, vêem a sua salvação no FN, que promete protecção contra os estrangeiros e a Europa, criando uma amálgama que lhes dá jeito. E resposta da esquerda tradicional não há, porque a verdade é que está comprometida com a mesma política de austeridade.
http://expresso.sapo.pt/extrema-direita-vence-eleicao-no-sul-de-franca=f835457
E cá? Será que o mesmo pode suceder? Por enquanto parece improvável por sermos "um país de brandos costumes" com uma taxa de imigração que não parece constituir tão forte ameaça para os Portugueses...Mas vejo outro perigo aproximar-se, fruto do mesmo desespero da população, falta de solidariedade e civismo que este governo reforça a cada medida que implementa: contra os funcionários, contra os reformados, contra os professores etc...
Este perigo é conhecido como "a lei da selva": com uma esquerda tradicional culpada por ter assinado o memorando da troika, o BE e PC vistos com "extrema esquerda perigosa" e uma direita comprometida com os maiores escândalos e longe da visão de Sá Carneiro. O que nos resta?
Alienar-nos da vida política - a abstenção nas últimas eleições sendo um sinal desse caminho - e lutarmos uns contra os outros para manter pequenos privilégios. Manter a cunha para ter médico, fazer o jogo dos privados e pagar um seguro de saúde para quem pode enquanto o SNS se desmorona, não participar em greves nem em manifs porque "não serve para nada" enquanto se tem emprego...
Desfecho? Um país miserável e um retrocesso de 40 anos em pouco tempo...
Que fazer então? A única outra solução que vejo é sacudir a apatia. Lembrar-se de que tudo o que foi conquistado foi à força, nunca dado. Participar em tudo: em associações cívicas, em manifs, em greves, reclamar, indignar-se, denunciar dia e noite a corrupção e incompetẽncia, vaiar os autores da farsa e não esquecer que ninguém vai sair incólume, boicotar escolas privadas, hospitais privados, usar tudo o que o Estado nos deve dar e se o acesso for difícil: reclamar. Infiltrar os partidos, obrigá-los a deixar de usar os seus militantes como peões a colocar em sítios estratégicos. Vale tudo menos deixar o país nas mãos dos abutres dos privados e nesta promiscuidade incestuosa entre política e negócios.
Temos de apostar na luta, na solidariedade e no civismo. É utopia? Talvez. Mas estamos a precisar de voltar a ter algumas noções de ética.
O nosso querido governo, que age mais como um representante de um protectorado económico do que como o de um país soberano, continua a apregoar uma futura retoma económica e a vender lá fora, aos nosso credores e à patroa alemã, que o povo português vai cumprir os designos da Troika "custe o que custar". Mansinhos...Sem estrebuchar como os Gregos e a sua vergonha neonazi, ou os ingovernáveis Italianos, ou ainda os Espanhóis e as suas plataformas anti-despejo e regiões com laivos independentistas.
Não me parece haver num futuro próximo nenhuma mudança de política europeia que vote num perdão parcial ou compra directa da nossa dívida, o que permitiria diminuir o sufoco do nosso pequeno país.
Quanto às próximas eleições europeias, adivinha-se o pior. A extrema direita alastra: da Grécia à Austria e agora em França onde os eleitores tradicionais da esquerda, desiludidos com um PS que aplica as mesmas receitas neo-liberais, vêem a sua salvação no FN, que promete protecção contra os estrangeiros e a Europa, criando uma amálgama que lhes dá jeito. E resposta da esquerda tradicional não há, porque a verdade é que está comprometida com a mesma política de austeridade.
http://expresso.sapo.pt/extrema-direita-vence-eleicao-no-sul-de-franca=f835457
E cá? Será que o mesmo pode suceder? Por enquanto parece improvável por sermos "um país de brandos costumes" com uma taxa de imigração que não parece constituir tão forte ameaça para os Portugueses...Mas vejo outro perigo aproximar-se, fruto do mesmo desespero da população, falta de solidariedade e civismo que este governo reforça a cada medida que implementa: contra os funcionários, contra os reformados, contra os professores etc...
Este perigo é conhecido como "a lei da selva": com uma esquerda tradicional culpada por ter assinado o memorando da troika, o BE e PC vistos com "extrema esquerda perigosa" e uma direita comprometida com os maiores escândalos e longe da visão de Sá Carneiro. O que nos resta?
Alienar-nos da vida política - a abstenção nas últimas eleições sendo um sinal desse caminho - e lutarmos uns contra os outros para manter pequenos privilégios. Manter a cunha para ter médico, fazer o jogo dos privados e pagar um seguro de saúde para quem pode enquanto o SNS se desmorona, não participar em greves nem em manifs porque "não serve para nada" enquanto se tem emprego...
Desfecho? Um país miserável e um retrocesso de 40 anos em pouco tempo...
Que fazer então? A única outra solução que vejo é sacudir a apatia. Lembrar-se de que tudo o que foi conquistado foi à força, nunca dado. Participar em tudo: em associações cívicas, em manifs, em greves, reclamar, indignar-se, denunciar dia e noite a corrupção e incompetẽncia, vaiar os autores da farsa e não esquecer que ninguém vai sair incólume, boicotar escolas privadas, hospitais privados, usar tudo o que o Estado nos deve dar e se o acesso for difícil: reclamar. Infiltrar os partidos, obrigá-los a deixar de usar os seus militantes como peões a colocar em sítios estratégicos. Vale tudo menos deixar o país nas mãos dos abutres dos privados e nesta promiscuidade incestuosa entre política e negócios.
Temos de apostar na luta, na solidariedade e no civismo. É utopia? Talvez. Mas estamos a precisar de voltar a ter algumas noções de ética.
Em choque
Começo o meu contributo neste espaço com uma notícia que me deixa tristíssimo: será que este anúncio do dono de Angola significa o cancelamento da 2ª temporada de Windeck na RTP??
Esta é a machadada final na idéia que se tentava disseminar de que o investimento vindo nos últimos tempos de Angola(que basicamente se resumiu à entrada no capital de algumas empresas consideradas pelo governo Angolano como estratégicas) tinha uma base exclusivamente económico-financeira, independente do circulo do poder da família Dos Santos. Em poucas palavras José Eduardo dos Santos mostrou, inequivocamente, quem manda.
No entanto, nada a temer - Relvas estará certamente por perto e poderá auxiliar Machete na sua função de credibilizar este governo.
Como dizem em Windeck, subir na vida tem sempre um preço. Quando a vergonha e sentido de moralidade escasseia, torna-se uma pechincha.
nota: Aproveito este primeiro e pequeno post para agradecer o convite e deixar cumprimentos a todos os "colegas de luta". Bem hajam!
Remodelar ou Reconstruir?
Avizinha-se mais uma sequela do filme de terror que é o OE.
Mais um orçamento, mais uns cortes, ajustamentos, contrações e correções.
Medidas avulso, atabalhoadas, feitas em folhas de mercearia, com todo o
respeito que as mercearias nos merecem, ao ponto do Ministro da Saúde por em
causa os cálculos do Ministério das Finanças.
O Governo continua a brincar ao “querido mudei a casa” em
vez de mergulhar profundamente no “restoration home”. Todos concordam, todos
confirmam, todos asseguram: «o sistema como existe não é sustentável no
medio/longo prazo». Quantos OE terão de passar, quantas Troikas terão de vir, para
que se mexa nas fundições da Republica?
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Comunicar com respeito
Bruno
Faria Lopes assina hoje, no Diário Económico, um artigo muito oportuno, e que
merece reflexão atenta, sobre a importância do respeito que o Governo deve
mostrar para com os portugueses aquando da comunicação das medidas (austeras).
Têm
sido vários, e de má memória, os episódios protagonizados pelos atuais
governantes, em que a forma de comunicação das medidas, atabalhoada nuns casos,
ou apenas pela metade noutros casos, serviu, apenas, para lançar a confusão
geral entre os portugueses, agravando a sua falta de confiança na bondade das
medidas propostas e, reflexamente, na viabilidade de Portugal para os próximos
anos. A vaga de saída de portugueses do País continua…
A
pouca habilidade do Governo em comunicar bem, e explicar de forma clara, as
suas medidas, foi, por diversas vezes, suscitada na opinião pública, inclusive
por personalidades ligadas aos próprios partidos da coligação.
Acusando
o toque, e procurando inspirar-se nos célebres briefings da Casa Branca, o Governo instituiu, no Verão, encontros diários
com a comunicação social para falar da governação e dos assuntos em curso,
visando, assim, combater a desinformação.
Escusado
será relembrar que os briefings à
portuguesa foram um desastre comunicacional, tendo tido o inacreditável
mérito de contribuir ainda mais para o desgaste do Governo.
Neste momento, os portugueses parecem ter adotado,
perante às medidas que o Governo se propõe executar, ou que exclui de todo
fazer, a mesma reserva de um famoso antigo dirigente desportivo “o que hoje é
verdade, amanhã é mentira”.
É deveras preocupante o prazo de validade do
que se anuncia. A medida que hoje se propõe é para se aplicar apenas a rendimentos
superiores a 1000, mas amanhã já é a partir de 700, e no final da semana,
afinal, são 500. Noutros casos, o segmento da população que hoje fica fora do
âmbito de uma medida, amanhã, afinal, já passa também a estar contemplado….
Se nuns casos a volatilidade entre o que se
anuncia numa segunda-feira e o que o conselho de ministros aprova na quinta, se
deve à impreparação com que a medida foi elaborada, noutros casos fica-se com a
ideia de que certas propostas foram propositadamente lançadas para os jornais visando
testar a reação pública e, a partir dela, construir então a medida a propor.
Não se percebe, nem se pode tolerar esta falta
de arte e engenho. Do Governo exige-se liderança e segurança. E isso,
infelizmente, não é o que tem transparecido nos últimos meses.
Como diz o povo, na sua sabedoria, a «paciência
tem limites». Como tal, e retomando o texto de Bruno Faria Lopes, não se deve
ignorar que «a falta de respeito é o detonador da carga de
frustrações e de descontentamento colectivo. Ignorar isto em Portugal no ano de
2013 é ser um catalisador de instabilidade num momento delicado.»
P.S. – Com o presente post, inicio hoje a minha colaboração no Sindicato Liberal,
agradecendo ao JAE pelo convite feito. Espero que estas linhas, e outras que se seguirem, estejam à altura da
responsabilidade!
sábado, 12 de outubro de 2013
A única pergunta que ninguém quer responder...
Podemos discutir as políticas do Governo, podemos debater as ideologias por detrás das medidas de austeridade, podemos condenar os governos anteriores, podemos comentar a esquerda e a direita, podemos comentar onde se vai cortar, porque não aqui, porque não além, podemos falar sobre o Tribunal Constitucional, sobre o caminho para o crescimento, podemos andar anos a falar sobre o mesmo e é o que temos feito...
... mas existe uma verdadeira questão que ninguém quer responder mas todos sabem a resposta.
Alguém honestamente intelectual, dotado com a mínima capacidade de somar e subtrair é capaz de responder à pergunta que se segue.
Nos moldes actuais, consegue Portugal pagar a dívida que tem?
Pelos dados oficiais que temos relativamente ao total da dívida contraída, prazos de pagamento, juros da dívida e as obrigações que o estado tem com os cidadãos portugueses... é um facto que Portugal não consegue fazer face a estas despesas, isto é um facto que ninguém quer falar, anda tudo a assobiar para o lado em vez de pegarem na raiz do problema.
Mesmo com a austeridade levada ao limite, mesmo tomando medidas ainda mais gravosas, mesmo cortando todos os subsídios e serviços sociais... a dívida é neste momento impagável e quem disser o contrário não está a ser sério, pode dizer que é estratégia para depois renegociar, mas não está a ser intelectualmente honesto.
O último dado oficial que saiu sobre a dívida portuguesa, sugeria que Portugal conseguiria honrar todos os seus compromissos e pagar a sua dívida nos moldes actuais se crescesse entre 6% a 8% ao ano, durante pelo menos uma década.
Só a partir da resposta a esta pergunta podemos começar a debater seja o que for e iniciar o caminho para o crescimento do nosso país.
Podemos mesmo afirmar que tudo o resto é demagogia e puro ilusionismo e fé, muita fé.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Orçamento de Estado 2013 – Fevereiro de 2014
Como todos sabem perdemos a nossa soberania
e estamos dependente dos nossos credores, para podermos honrar os nossos
compromissos.
Conforme o acordado temos de pagar 21 mil
milhões de euros durante o ano de 2014.
As medidas abaixo mencionadas foram
aprovadas pelos nossos credores que acreditam plenamente no sucesso das mesmas
e cabe a nós implementá-las para garantirmos a nossa soberania, o nosso
regresso aos mercados e um crescimento a nível económico.
Medidas de requalificação da qualidade de
vida e compressão diminuta e alargada dos rendimentos incrementados auferidos:
Imposto sobre a ocupação permanente e
eterna de propriedade pública, nomeadamente cemitérios, para fins de luto e
oração
(Todos os herdeiros legais irão contribuir
com 0,5% do seu salário para o Governo de Portugal, porque nós honramos os
mortos)
Taxa ecológica por consumo de O2
(Portugal um país pioneiro na redução da
pegada ecológica irá proceder à taxação de 0,5% / mês a cada cidadão – como
acto de boa fé, estão isentos desta taxa todos aqueles que só têm um pulmão)
Corte total do subsídio de desemprego
(Quem não serviu para trabalhar e foi
piegas, não pode estar a receber dos outros cidadãos um contributo para ficarem
na zona de conforto)
Taxa suplementar de apoio aos partidos em
governação
(O Governo tem de negociar em nosso nome,
como tal vai ser aplicada uma taxa de auxílio às deslocações dos ministros)
Imposto suplementar sobre produtividade
mensal
(O Governo de Portugal está na linha da
frente da luta para aumentar a produtividade laboral, esta medida aplica-se a
empresas com mais de dois colaboradores e menos de novecentos mil e consiste
na medição da produtividade, fazendo uma média mensal entre
todos os colaboradores de empresa, a metade que produz menos terá uma taxa
adicional no vencimento de 10% da diferença entre o salário mínimo e o seu
ordenado actual)
Não queríamos tomar estas medidas, mas a
gravidade da situação assim o exige e temos de honrar os compromissos com os
nossos credores.
Nós assinámos um compromisso e como tal temos
de o honrar, somos um povo honrado e trabalhador.
Esperemos que o Tribunal Constitucional não
chumbe nenhuma das medidas acima citadas, pois estamos numa situação singular e
única da nossa existência, como tal meus senhores temos de cumprir o que acordámos
Subvencedores
Está a sair, que nem pãozinho quente, o orçamento14. A
austeridade vai-se manter conforme expectável, novos cortes se avizinham, e a
praça fervilha com a discussão sobre onde é que se vai cortar e porquê?
É aqui que entra o tema das subvenções.
Vamos por partes, o
que é uma subvenção? É um subsídio vitalício que qualquer pessoa tem direito
desde que tenha desempenhado cargos políticos de relevo nacional.
Segunda questão, mas esse beneficiário fez algo de extraordinário
para poder receber essa pensão? Por exemplo, contribuiu para ela? É um herói da guerra do Ultramar? Não! É beneficiário porque representou a nação ao mais alto nível.
Terceira parte, então esse benefício é igual para todos.
Errado, só a têm os iluminati que desempenharam essa função até 2005. Mas... se quem o faz depois de 2005 não tem
direito a nada, porque é que quem o fez antes tem?
Quarta dúvida, o estado “investe” 9M€ anualmente neste subsídio,
em que é que ele é útil para a economia? Ajuda na integração dos mais pobres? É dinheiro que depois é reinvestido na economia gerando produção, consumo,
emprego, exportações? Não! Pois os seus beneficiários já têm o direito às suas
pensões para as quais efetivamente contribuíram, já tem os seus próprios ordenados,
para os quais efetivamente trabalham.
Por fim, alguma classe política, quer beneficiários do
prémio como Bagão Felix quer partidos que vivem do jogo político de
contradizer, têm dito que isto é fumo e demagogia barata, porque este corte não
resolve os problemas do país. É verdade que não resolve, mas ajuda. Se
pensarmos que cortes de 6, 7, 8, 9 milhões de € isolados não resolvem vamos
continuar a cortar em pensões, subsídios de desemprego e investimento público.
9M€ podem dar emprego a 1300 pessoas que recebam o ordenado
mínimo, com 9M€ pode-se criar um plano de ajuda aos desempregados de longa
duração, com 9M€ pode-se investir em incentivos ou na angariação de investimento privado, com
9M€ pode-se criar um pólo de desenvolvimento regional.
Nove Milhões de Euros, podem ajudar alguns a serem vencedores. Hoje, não passam de subvencidos!
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Coluna vertebral, precisa-se...
Hoje a directora do FMI, Christine Lagarde disse o seguinte:
"Portugal é um dos países em que o FMI disse que é preciso um pouco mais de tempo, porque um dos factores que o país pode ter para conciliar crescimento e consolidação orçamental é magro".
Recordamos que o FMI é um dos membros da Troika e que se senta à mesa de negociação com o governo português.
Como é possível o governo português liderado por Paulo Portas e acompanhado por Pedro Coelho não colocarem em cima da mesa as declarações da directora geral do FMI?
Afinal quem são os masoquistas desta história.... um dos principais credores diz que é preciso mais tempo, que se enganou nos cálculos e multiplicadores no seu Excel manhoso, diz que a austeridade tem limites e prejudica o crescimento e em muitos casos agrava a recessão... e nós é que dizemos, não dói nada, por nós ainda vinha mais austeridade, não precisamos de negociar nada, está tudo tranquilo.
Já para não falar do PR que tratou todos os portugueses como imbecis ao declarar que não devemos dizer que a dívida é insustentável porque se nem os credores o dizem, porque nós haveríamos de dizer.
Mas desde quando os credores vão dizer que os devedores não podem pagar a dívida e têm de renegociar ?! mas isto cabe na cabeça de alguém com o mínimo de inteligência, os credores acham sempre que temos dinheiro para pagar, para eles nem que tenhamos de estar na miséria há sempre maneira de pagar o que devemos.... os devedores é que têm de fazer prova da sustentabilidade da dívida.
Para além de se desmentir, pois já havia mencionado que a dívida era insustentável , acha que os portugueses são todos analfabetos e fáceis de manipular.
"Portugal é um dos países em que o FMI disse que é preciso um pouco mais de tempo, porque um dos factores que o país pode ter para conciliar crescimento e consolidação orçamental é magro".
Recordamos que o FMI é um dos membros da Troika e que se senta à mesa de negociação com o governo português.
Como é possível o governo português liderado por Paulo Portas e acompanhado por Pedro Coelho não colocarem em cima da mesa as declarações da directora geral do FMI?
Afinal quem são os masoquistas desta história.... um dos principais credores diz que é preciso mais tempo, que se enganou nos cálculos e multiplicadores no seu Excel manhoso, diz que a austeridade tem limites e prejudica o crescimento e em muitos casos agrava a recessão... e nós é que dizemos, não dói nada, por nós ainda vinha mais austeridade, não precisamos de negociar nada, está tudo tranquilo.
Já para não falar do PR que tratou todos os portugueses como imbecis ao declarar que não devemos dizer que a dívida é insustentável porque se nem os credores o dizem, porque nós haveríamos de dizer.
Mas desde quando os credores vão dizer que os devedores não podem pagar a dívida e têm de renegociar ?! mas isto cabe na cabeça de alguém com o mínimo de inteligência, os credores acham sempre que temos dinheiro para pagar, para eles nem que tenhamos de estar na miséria há sempre maneira de pagar o que devemos.... os devedores é que têm de fazer prova da sustentabilidade da dívida.
Para além de se desmentir, pois já havia mencionado que a dívida era insustentável , acha que os portugueses são todos analfabetos e fáceis de manipular.
Tabu
“Unemployment can be blamed on a deficiency in aggregate
demand (the total demand for goods and services in the economy, from consumers,
from firms, by government, and by exporters); in some sense, the entire
shortfall in aggregate demand – and hence in the U.S. economy – today can be
blamed on the extremes of inequality. As we’ve seen, the top 1% of the
population earns some 20% of U.S. national income. If that top 1 percent saves
some 20 % of its income, a shift of just 5 % points to the poor or middle who
do not save – so the top 1% would still get 15% of the nation’s income – would
increase aggregate demand directly by 1 % point. But as the money recirculates,
output would actually increase by some 1 ½ to 2 percentage points. In an
economic downturn such as the current one, that would imply a decrease in the
unemployment in early 2012 standing at 8.3%, this kind of a shift in income
could have brought the unemployment rate down close to 6.3 percent. A broader
redistribution, say, from the top 20% to the rest, would have brought down the
unemployment further, to a more normal 5 or 6 percent.”
The price of inequality, Joseph E. Stiglitz, 2012
Portugal, vive
actualmente uma situação preocupante ao nível de taxa de desemprego, sendo a taxa actualmente de 17%, representado o desemprego de longa duração
(mais de 25 meses) já mais de 60% do total de desempregados. As taxas de IRS em
Portugal estão neste momentos bastante altas, sendo que a mais elevada está actualmente em 54% (48% + 3.5% de sobretaxa IRS para todos os
escalões + 2.5% de taxa adicional para o último escalão).
Analisando o
pequeno excerto referido acima, é nos dito (apesar de a análise ser referente
aos Estados Unidos da América, em baixo cito estudo feito sobre a desigualdade no rendimento em Portugal) que retirando 5% do rendimento dos 20% maiores rendimentos
e aumentado em 5% o rendimento dos 20% mais baixos, tal medida iria
aumentar a procura entre cerca de 1 ½ % e 2%, juntando ainda o facto de 20% do
rendimento dos 20% maoires rendimentos não ser gasto, enquanto que nos 20% mais pobres
não existe poupança. Assim, apesar de estarmos a falar de uma medida que iria
criar polémica e crítica, estamos a falar de uma medida que poderia ter um
impacto significativo no aumento do crescimento económico e na diminuição do
desemprego.
Na publicação “Distribuição do Rendimento, Desigualdade e Pobreza, de Carlos
Farinha Rodrigues (2007)” é referido que “ao longo dos anos 90 Portugal
conheceu um crescimento económico assinalável que se repercutiu no aumento do
bem-estar social da população”, contudo "esse crescimento não beneficiou
de igual forma todos os segmentos da distribuição, isto é, nem todos os
indivíduos beneficiaram de igual forma da melhoria do bem-estar proporcionado
pelo crescimento real do rendimento". “O padrão altera-se a partir de
1995. Na verdade, até à primeira metade da década a assimetria social aumentou
generalizadamente, mas com particular ênfase entre os detentores de maior
rendimento e as famílias mais desfavorecidas. Por seu turno, entre 1995 e 2000
assiste-se a uma atenuação das desigualdades, sobretudo nos níveis de
rendimento inferiores à média. Em contrapartida, a distância entre estes e os
mais favorecidos continuou a intensificar-se. Isto é, a desigualdade entre os
mais ricos e os mais pobres não só não diminuiu como manteve o seu crescimento,
embora a um ritmo menos acelerado. O que efectivamente se alterou foi a
condição socioeconómica dos estratos mais baixos (melhorou sensivelmente).”
O estudo demonstra que as políticas sociais levadas a cabo na segunda
metade dos anos 90 tiveram um impacto positivo na inversão de certas tendências
que vinham desde o início da década. Contudo, este não alterou substancialmente
os níveis de prevalência de pobreza, já que a percentagem de pessoas a viver
com rendimentos inferiores à linha de pobreza (60% do rendimento mediano, por
adulto equivalente) não sofre alterações significativas - permanecendo na casa
dos 19% (segundo as estimativas do autor para o ano de 2000, um milhão
novecentos e cinquenta e mil portugueses).
Este tipo de análise poderá ser
controversa, pois sempre que se fala na hipótese de aumento de impostos sobre
os rendimentos mais altos, aparecem logo nos media notícias de que estamos em
risco de perder rendimento, pois deixamos de ser atractivos para a tributação de
rendimento comparativamente com outros países europeus. Contudo, creio que se
deveria ter em conta que necessitamos de ideias que possam melhorar o nível de
desemprego e aumentar o crescimento económico e as opções que temos são
diminutas. Apesar de achar que a sociedade portuguesa não é suficientemente
madura relativamente a políticas de redistribuição, e sempre que se fala em
aumentar impostos apenas para os rendimentos mais elevados se ouvir um bruá nos
media, creio que se fosse feito um estudo que comprovasse, que com um aumento
de imposto de 5% para os rendimentos mais altos da população e correspondente
diminuição desse imposto para os 20% mais baixos, esta medida teria uma
repercusão ao nível de crescimento económico e diminuição da taxa de desemprego
tal seria provavelmente encarado de outra forma. Se esses 5% do rendimento mais
alto forem comprovadamente poupados por quem os aufere e puderem ser usados
para injectar dinheiro na economia, não era uma medida pertinente? Não era
louvável para quem tem empresas (grande parte dos 20% de rendimentos mais altos
devem inclusive ser empresários) poder ver a actividade das empresas aumentar? Tudo isto
está interligado, pois com um aumento de rendimentos injectados na economia, o
desemprego diminui, são pagos mais impostos, as empresas vendem mais......
No clima actual em que se fala inclusive de corte nas pensões de
sobrevivência superiores a 600 euros, acho que todas as possibilidades que possam ajudar a economia e o desemprego a melhorar deveriam ser analisadas. Sem tabus!
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
O Simbolismo
A CGTP e possivelmente outros sindicatos independentes
pretendem no dia 19 realizar uma manifestação na Ponte 25 de Abril. Porquê?
Pelo simbolismo das manifestações de 1994. Mas será mesmo isso?
Parece-me que o problema é que a CGTP banalizou as
manifestações, e consequentemente, já ninguém lhes liga, ninguém noticia, ninguém
quer saber e quando ouvem, dizem… “é só mais uma”.
As manifestações da inter-sindical já não passam de um antibiótico
num paciente que usa esse receituário para uma dor de garganta, ou seja, agora
que tem uma doença grave, quer tomar o antibiótico no topo de um arranha-céus,
porque acredita que o efeito será maior se for em grandes altitudes.
O que torna as manifestações simbólicas não é o seu local, é
a capacidade mobilizadora. A maior manifestação dos últimos anos foi em
Fevereiro de 2012, foi simbólica, foi marcante, e não foi preciso ir para cima
de uma ponte… e também não foi preciso ser a CGTP a organizar.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Já não há pontes como antigamente
Bons velhos tempos onde não era considerado perigoso andar nas pontes, não vá alguém começar a saltar tipo "Lemmings" e depois já não temos ninguém a quem cortar as reformas...
Manifestantes a comer feijoada na Ponte Vasco da Gama
Manifestantes em fúria na Ponte 25 de Abril
Da esquizofrenia do Tuga
Eu vivo num país em que
o (des)governo acaba de anunciar mais austeridade e mais cortes,
desta vez nas pensões de viúvez a partir dos 600 euros
Eu
vivo num país em que
apenas há um serviço de urgência nocturno em funcionamento para
toda a capital.
Eu
vivo num país em que os professores são desprezados, empurrados
para o desemprego, mas onde o governo paga rendas extraordinárias
pelas “melhorias” do parque escolar -
obra de parcerias publico-privadas -
e anuncia com grande pompa e
circunstância o maravilhoso “cheque escolar” que permitirá à
plebe o acesso às escolas privadas da (pseudo) elite...Uma
pura ilusão, tendo em conta que o que distingue essas escolas não é
a qualidade do ensino ( onde pensam que foram formados os seus
professores? ), mas a segregação
social...
Eu
vivo num país em que se prevê o desaparecimento de mais 22 mil empregos...
Mas
… Eu vivo num país onde,
no meu bairro, que virou “trendy” recentemente, novos
centros comerciais de nome pomposos como “Embaixada” e
restaurantes finos de
nome “franciú” para impressionar o freguês -
“Le jardin” -
aparecem;
Eu
vivo num país onde o povo acode em massa às
“faixone
naites”,
luzindo o seu melhor “outfit”, copiado dos blogs de moda que
glorificam o consumismo e vivem de publicidade encoberta...
Mas
deserta manifestações e qualquer acto de contestação.
Eu
vivo num país onde, na
noite das eleições autárquicas,
o líder de audiências é
o“Big
Brother” e a verdadeira vencedora a abstensão.
E
pergunto-me:
Onde
estão as vítimas das políticas supracitadas? Onde está quem sofre
na pele a destruição do estado social sem precedentes desde o fim
da ditadura? Será que estão a jantar, tal os “vencidos da vida”
nos
Maias, a filosofar, enquanto têm uns trocos para gastar em bebidas
porque reinvindicar a sério
é para “os esquerdistas
radicais
que cheiram mal” ?
De
onde vem esta apatia e até quando durará?
Qual
é a realidade do país?
Cidadão
português com consciência procura-se.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Houve tempos em que havia vergonha na cara
Estamos no ano de 2010, Governo socialista liderado por José Sócrates, a dívida portuguesa sobe a olhos vistos e já vai nos 70% do PIB.
Eis que um alerta lúcido surge no horizonte, alguém com visão e sabedoria, um técnico que disse o seguinte:
"Só nos resta (a nós e a outros) o possível caminho da reestruturação da dívida. Ou seja, ir falar com os nossos credores e dizer-lhes que dos 100 que nos emprestaram já só vão receber 70 ou 80 (…) se mantivermos os níveis actuais de dívida, dificilmente conseguiremos crescer a níveis aceitáveis … e se não crescermos morremos.”
Carlos Moedas - actual - Secretário de Estado Adjunto do 1º Ministro
Recordo que a dívida neste momento está nos 128% do PIB.
Agora que dizer disto, que moral tem este senhor para falar seja do que for, é ou não é de obrigar este sem vergonha admitir isto que disse, ou então dizer que estava errado em 2010 e não percebia nada do assunto, ou seja incompetente das duas maneiras.
É esta gente que nos está a governar, Carlos Moedas "o masoquista" em 2010, o optimista em 2013.
Eis que um alerta lúcido surge no horizonte, alguém com visão e sabedoria, um técnico que disse o seguinte:
"Só nos resta (a nós e a outros) o possível caminho da reestruturação da dívida. Ou seja, ir falar com os nossos credores e dizer-lhes que dos 100 que nos emprestaram já só vão receber 70 ou 80 (…) se mantivermos os níveis actuais de dívida, dificilmente conseguiremos crescer a níveis aceitáveis … e se não crescermos morremos.”
Carlos Moedas - actual - Secretário de Estado Adjunto do 1º Ministro
Recordo que a dívida neste momento está nos 128% do PIB.
Agora que dizer disto, que moral tem este senhor para falar seja do que for, é ou não é de obrigar este sem vergonha admitir isto que disse, ou então dizer que estava errado em 2010 e não percebia nada do assunto, ou seja incompetente das duas maneiras.
É esta gente que nos está a governar, Carlos Moedas "o masoquista" em 2010, o optimista em 2013.
O homem que faz a “Machete”
Esta semana que passou trouxe
mais um episódio na já longa novela política do Ministro dos Negócios
Estrangeiros. Rui Machete é uma das muitas figuras do sistema político que a
nossa democracia faz o favor de alimentar e desenvolver. É uma personalidade
que todas as empresas que pretendem mover influências junto das mais altas esferas
políticas gostariam de contar como administrador não-executivo ou consultor, não
que daí advenha algum contributo produtivo para a mesma, mas apenas porque pode
“abrir” algumas portas.
É nessa ótica que Passos Coelho o
nomeou para Ministro. Machete como senador acalmou as hostes mais conservadoras
do partido, aqueles que justificam as incompetências do governo com a falta de
experiência dos seus elementos, como se da experiência automaticamente viesse competência.
Prova viva do falhanço dessa premissa,
Rui Machete ajoelhou-se aos pés de Angola e arrastou consigo a Republica
Portuguesa. Ao ouvir o pedido de desculpas e o colocar em causa da justiça
portuguesa, ocorre-me apenas qualificar a sua prestação como Ministro
parafraseando o Papa Francisco quando comentou a ultima (mais uma) tragédia de
Lampedusa…
«É uma vergonha!»
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