quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Paulo Portas: vergonha alheia


"Paulo Portas quer ser o Giorgio Armani da reforma do Estado. Todos os anos o estilista apresenta os novos modelos e acaba com uma frase cintilante, um laço que embrulha o conjuntinho: "Proponho para esta estação ‘una donna moderna però rinovata’". Portas também deseja um Estado moderno (alguém deseja um Estado antigo?!) e renovado (alguém quer um Estado parado?!), mas não vai além disso. Não vai, aliás, a lado nenhum. 

As "110 páginas úteis" do guião, como lhe chamou ontem, são de uma pobreza inacreditável. Não é sequer um catálogo de pronto-a-vestir político. É uma loja dos 300 onde, no meio de ideias copiadas, avulsas e superficiais, encontramos um ou outro ponto que é possível debater, mas apenas por causa do nosso desespero coletivo."



Não mexas no meu privilégio


Não querendo de todo fazer o papel do Professor Marcelo, mas recomendo vivamente.

domingo, 27 de outubro de 2013

A tempestade perfeita... para sair de fininho

O Governo está apostado na teoria da tempestade perfeita e onde irá arranjar um álibi de nome Tribunal Constitucional para sair de cena.

Os fracassos consecutivos, as metas que nunca foram atingidas mas que os nossos professores dizem que estamos aprovados, o correr atrás do resultado... está mais do que visto que o 2º resgate ou programa cautelar, qualquer que seja o nome, vai acontecer e este Governo foi o único responsável por estes fracassos económicos mesmo quando avisado por membros dos seus partidos para os perigos de amar e abraçar a Troika com toda a devoção sem antes medir os impactos na economia real... agora vão tentar a jogada de mestre.

Fazem um OE inconstitucional, e sabem que o é, porque já foram chumbadas medidas anteriormente por serem inconstitucionais, levam o ataque ao TC ao extremo, ameaçam órgãos de soberania, criam uma nuvem de fumo para quando as normas foram chumbadas, pois irão ser.... terem o álibi perfeito e dizer que estava tudo a correr bem.... até estas medidas serem chumbadas.

Nesta altura do campeonato só alguém intelectualmente diminuto vai cair num argumento destes.

O Governo e a Europa falharam no ataque à crise da dívida soberana.... falharam, ou não dependendo dos interesses.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O sumo da mudança

Eurico Brilhante Dias, destacado deputado socialista e um dos homens fortes de Seguro na área económica deu uma entrevista interessante ao jornal i.

Apesar de fazer fortes acusações ao presente Governo, Brilhante Dias assume que duas questões fraturantes afinal não o são assim tanto no panorama atual de assistência financeira externa. Desmascarando o discurso básico e rasteiro do seu líder.

Questão fraturante nº1 – «Os funcionários públicos e pensionistas têm de manter os salários»

Mas quando questionado se isso é possível dentro das metas atuais impostas pela troika Brilhante não podia ser mais brilhante, “o que propomos não é compaginável com ter 4% do PIB em 2014”.

Questão fraturante nº2 - «Temos de aliviar a carga fiscal de modo a garantir o crescimento económico»

O especialista na área económica do PS volta a revelar-se, «temos de ser parcos em promessas» e «perante o quadro de 4% dificilmente». Ora cá está. Como é sabido o governo tentou negociar aliviando o défice de 2014 para 4,5%. A troika não aceitou. O PS não conseguiu ainda apresentar razões porque consigo a negociação seria diferente, ou será que os lindos olhos de Seguro servirão para os convencer?

Perante a conjuntura atual, entre PS ou PSD não há temas fraturantes, há apenas detalhes. O sumo das políticas governativas pode mudar de cor, mas vai saber todo ao mesmo. 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

“Centenas” de inscritos em congresso sobre vida e obra de Cunhal


Sócrates, um gajo porreiro pá


Depois da entrevista à RTP, segue agora entrevista de fundo à Revista do Expresso.
Para além de continuarmos a testemunhar que Sócrates é um tipo muito cheio de si, continua em falta um pingo sequer de humildade.
Não é um mal exclusivo de Sócrates, embora no caso dele sobressaia bastante. É extraordinário como todos os ex-primeiros-ministros de Portugal nunca reconhecem uma falha na sua governação. Culpa própria, népias. Culpa dos outros e do mundo, sim.

sábado, 19 de outubro de 2013

O que é esta imagem ....





... é aquilo que os os espanhóis têm, os franceses têm e os gregos têm.

... um dia espero que os portugueses os consigam ter também para não sermos uma vergonha para as gerações vindouras.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Piegas, masoquistas e o pedido de desculpa

Nos últimos tempos tivemos alguns momentos mediáticos que gostava de analisar de figuras ligadas ao estado português.

Momento 1: Há uns meses atrás, o Primeiro Ministro, Pedro Passos Coelho disse que os portugueses deviam ser “menos piegas”. Afinal os portugueses queixam-se demasiado e não sabem lançar “mãos à obra”.

Momento 2: Numa recente viagem à Súecia, o Presidente da República, Cavaco Silva dá o dito por não dito, e afirma que se os credores externos (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) afirmam que a nossa dívida externa é sustentável, quem em Portugal afirma que a dívida pública não é sustentável não passa de “masoquista”. A ter em conta o facto de no passado o Presidente da República ter afirmado por variadas vezes que a dívida era insustentável (num artigo de 4 de Outubro de 2013 no Público eram citados 3 exemplos de declarações do Presidente a alertar para este facto). Estamos aqui, perante mais um exemplo de descredibilidade política. Que sentido faz o Presidente ter um discurso para o interior do país e outro para o exterior? Não estamos por acaso num mundo em que a informação está acessível a todos? Por acaso na Súecia não se sabe o que se passa em Portugal? Será que após estas declarações a procura de dívida externa portuguesa disparou?

Momento 3: O célebre pedido de desculpa aos Angolanos feita pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, em que este “garantiu que tudo não passa de burocracias e formulários” relativamente aos processos judiciais em curso em Portugal contra dirigentes de Angola.

Deixo aqui umas palavras da parte dos portugueses, que não querem ser um fardo para estes senhores. Os piegas portugueses que se queixam das constantes medidas de austeridade, pedem desculpa por se queixarem das medidas e não saberem olhar para as mesmas, como algo que será benéfico para o país, como o futuro irá provar. Obrigado pelas suas palavras Sr. Primeiro Ministro, agora vemos finalmente a luz ao fundo do túnel.

Os masoquistas também pedem desculpa por porem em causa a sustentabilidade da dívida portuguesa,  realmente não há palavras, se as entidades externas dizem que a dívida é sustentável, não se pensa mais nisso, este assunto está arrumado. Obrigado Sr. Presidente.

Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros também fica aqui um pedido de desculpas, e um agradecimento por ser visionário o suficiente e ter pedido desculpa aos Angolanos, afinal eles investem no nosso país e nós ainda temos casos contra eles em tribunal?

A todos fica um pedido de desculpa por Portugal ser um país tão incompreensível. Por favor não desistam de nós.....

O negro corrupto

José Eduardo dos Santos cortou com Portugal, mas o mais interessante nas suas declarações foi a acusação a empresas de outros estados para além do português. «Anualmente são levados de Angola biliões de dólares por empresas portuguesas, francesas e americanas.»

Não é clara a razão para esta acusação. Mas certamente há aqui uma intenção geopolítica por detrás destas palavras.

Por fim, o presidente angolano aluindo às sucessivas suspeitas sobre membros da cúpula angolana/africana, adianta que "de um modo geral, se cria a imagem, de que o africano rico é corrupto ou suspeito de corrupção".

Sr. Presidente, permita-me interpelar sua senhoria, o africano rico não é corrupto nem suspeito de corrupção. É igual ao europeu rico, ao americano rico ou ao asiático rico.

Agora o africano que é rico porque fez fortuna às custas duma ditadura, que apesar de ser o 4º/5º país mais rico de África e o 60º do mundo, continua a ter pessoas que passam fome e a atropelar os direitos humanos, ora esse africano rico, Sr. Presidente, tem tudo para manter essa imagem que fala bem viva.

É deliciosa a ironia dessa frase Sr. Presidente. Proferida pelo ditador africano há mais tempo no poder, 34 anos e a contar!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OE 2014: "Exercício de Libertação"

Nem tudo são notas negativas relativas a este Orçamento de Estado 2014, eis alguns pontos positivos que passo a citar:

  • É o último OE apresentado por este Governo PSD/CDS*
  • O OE não irá ser cumprido na sua totalidade
  • O CDS ao aprovar este OE arrisca-se a deixar de ser o partido do táxi e passar a ser o partido do side-car
  • Cortar pensões de 419€ é passar a Troika pela direita, fazer um manguito e passar factura com contribuinte
  • A maior parte das medidas irá chumbar no TC



Se Portugal crescer 0,8% no próximo ano e tiver um défice de 4%, irei cortar o meu testículo esquerdo em directo no Skype. Tenho dito.

"Este OE é um exercício de libertação" Luis Menezes, PSD
"O trabalho liberta" ... vocês sabem


* sim, vai haver eleições legislativas para o ano, ninguém vai assinar um novo resgate sem haver eleições antecipadas.




terça-feira, 15 de outubro de 2013

Masoquismo

Voltando ao tema abordado por NRF recentemente, sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa, não podia estar mais de acordo de que não tem existido uma verdadeira análise sobre o problema com que nos deparamos e as implicações que o aumento galopante da dívida actual do país poderá ter para o nosso futuro. Desde que teve inicio a ajuda externa em Portugal, no ano de 2011 a dívida pública aumentou consideravelmente, situando-se actualmente em cerca de 130% (2011: 108,3%; 2012: 123,6%). A taxa de desemprego também aumentou para níveis assustadores, sendo actualmente de cerca de 17% (2011: 12,7%; 2012: 15,7%). Antes de regressar ao caso português chamo a atenção para o caso grego, do qual conhecemos recentemente alguns dados para 2014:

·         contração da economia de cerca de 25% desde 2008
·         aumento da dívida pública em % do PIB de 105% em 2008 para 175% actualmente
·         aumento da taxa de desemprego de 8% em 2008 para 28%
·         taxa de desemprego jovem (entre os 15 e os 24 anos) de 65%

Após estes dados assustadores, estima-se que em 2014 o orçamento grego apresente pela primeira vez um superávit excluindo os pagamentos da dívida. Assim, consideram os analistas que a única possibilidade para a economia grega passam por novo perdão de dívida, caso contrário todo o esforço até aqui efectuado terá sido em vão. Ou seja, olhando para o caso grego, em que foram aplicadas várias medidas de austeridade em muito semelhantes às ocorridas em Portugal, constata-se que essas apenas serão viáveis após nova renegociação da divida. A frase que cito em baixo é elucidativa:

"Greece's exit from the crisis is being made much more politically difficult and socially painful than is needed,". "The spread and depth of austerity that lenders have insisted on has been much too severe. There has been success, but success at what price? If this is success, who wants to be rescued like this?"

Prof Kevin Featherstone, director of the London School of Economics Hellenic Observatory

Relativamente ao caso português, e apesar das recentes críticas de Cavaco Silva na Suécia aos masoquistas portugueses, foi referido por Paulo Trigo Pereira e Pedro Lains recentemente ao Público, que a dívida portuguesa na situação actual não é sustentável. Segundo o Jornal Económico os detentores da dívida pública portuguesa são:

18% UE/FMI
42% gestores de activos, fundos soberanos e bancos centrais
12% bancos comercais portugueses
4% Bancos comerciais alemães
4% Bancos comerciais franceses
13% BCE

Ou seja, partindo do pressuposto que os masoquistas tem razão admita-se uma renegociação da dívida portuguesa. A grande questão se for necessária a renegociação da dívida portuguesa é a forma como se apurará quem assume as perdas. Se essa via for seguida a pressão dos detentores de dívida externos será bastante intensa, existindo uma forte possibilidade de que venham a ser exigidas perdas avultadas aos detentores de dívida nacionais, não nos podendo esquecer de que dentro dos 42% enunciados atrás está incluindo o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) do qual cerca de 55% está já aplicado em dívida pública tendo o governo aprovado recentemente a possibilidade de este fundo poder fazer reforços da dívida pública até 90%. Claro que é elementar que se o FEFSS tiver que assumir perdas tal terá um impacto bastante negativo nas contas portuguesas, dado que na situação actual o fundo da Segurança Social já não é suficiente para fazer face aos compromissos futuros. Ficamos assim a aguardar quem terá razão, se os masoquistas ou os crentes. 

Quo vadis Portugal? Quo vadis Europa?

Nesta noite de publicação do OE2014, vulgo roubo generalizado, e tendo em conta a mediocridade da nossa vida política, convém interrogar-nos sobre a questão: De onde virá a nossa salvação?

O nosso querido governo, que age mais como um representante de um protectorado económico do que como o de um país soberano,  continua a apregoar uma futura retoma económica e a vender lá fora, aos nosso credores e à patroa alemã, que o povo português vai cumprir os designos da Troika "custe o que custar". Mansinhos...Sem estrebuchar como os Gregos e a sua vergonha neonazi, ou os ingovernáveis Italianos, ou ainda os Espanhóis e as suas plataformas anti-despejo e regiões com laivos independentistas.

Não me parece haver num futuro próximo nenhuma mudança de política europeia que vote num perdão parcial ou compra directa da nossa dívida, o que permitiria diminuir o sufoco do nosso pequeno país.

Quanto às próximas eleições europeias, adivinha-se o pior. A extrema direita alastra: da Grécia à Austria e agora em França onde os eleitores tradicionais da esquerda, desiludidos com um PS que aplica as mesmas receitas neo-liberais, vêem a sua salvação no FN, que promete protecção contra os estrangeiros e a Europa, criando uma amálgama que lhes dá jeito. E resposta da esquerda tradicional não há, porque a verdade é que está comprometida com a mesma política de austeridade.

http://expresso.sapo.pt/extrema-direita-vence-eleicao-no-sul-de-franca=f835457

E cá? Será que o mesmo pode suceder? Por enquanto parece improvável por sermos "um país de brandos costumes" com uma taxa de imigração que não parece constituir tão forte ameaça para os Portugueses...Mas vejo outro perigo aproximar-se, fruto do mesmo desespero da população, falta de solidariedade e civismo que este governo reforça a cada medida que implementa: contra os funcionários, contra os reformados, contra os professores etc...

Este perigo é conhecido como "a lei da selva": com uma esquerda tradicional culpada por ter assinado o memorando da troika, o BE e PC vistos com "extrema esquerda perigosa" e uma direita comprometida com os maiores escândalos e longe da visão de Sá Carneiro. O que nos resta?

Alienar-nos da vida política - a abstenção nas últimas eleições sendo um sinal desse caminho - e lutarmos uns contra os outros para manter pequenos privilégios. Manter a cunha para ter médico, fazer o jogo dos privados e pagar um seguro de saúde para quem pode enquanto o SNS se desmorona, não participar em greves nem em manifs porque "não serve para nada" enquanto se tem emprego...

Desfecho? Um país miserável e um retrocesso de 40 anos em pouco tempo...

Que fazer então? A única outra solução que vejo é sacudir a apatia. Lembrar-se de que tudo o que foi conquistado foi à força, nunca dado. Participar em tudo: em associações cívicas, em manifs, em greves, reclamar, indignar-se, denunciar dia e noite a corrupção e incompetẽncia, vaiar os autores da farsa e não esquecer que ninguém vai sair incólume, boicotar escolas privadas, hospitais privados, usar tudo o que o Estado nos deve dar e se o acesso for difícil: reclamar. Infiltrar os partidos, obrigá-los a deixar de usar os seus militantes como peões a colocar em sítios estratégicos. Vale tudo menos deixar o país nas mãos dos abutres dos privados e nesta promiscuidade incestuosa entre política e negócios.

Temos de apostar na luta, na solidariedade e no civismo. É utopia? Talvez. Mas estamos a precisar de voltar a ter algumas noções de ética.


Em choque


 Começo o meu contributo neste espaço com uma notícia que me deixa tristíssimo: será que este anúncio do dono de Angola significa o cancelamento da 2ª temporada de Windeck na RTP??


  Esta é a machadada final na idéia que se tentava disseminar de que o investimento vindo nos últimos tempos de Angola(que basicamente se resumiu à entrada no capital de algumas empresas consideradas pelo governo Angolano como estratégicas) tinha uma base exclusivamente económico-financeira, independente do circulo do poder da família Dos Santos. Em poucas palavras José Eduardo dos Santos mostrou, inequivocamente, quem manda.
  No entanto, nada a temer - Relvas estará certamente por perto e poderá auxiliar Machete na sua função de credibilizar este governo.

  Como dizem em Windeck, subir na vida tem sempre um preço. Quando a vergonha e sentido de moralidade escasseia, torna-se uma pechincha.


 nota: Aproveito este primeiro e pequeno post para agradecer o convite e deixar cumprimentos a todos os "colegas de luta". Bem hajam!

Remodelar ou Reconstruir?

Avizinha-se mais uma sequela do filme de terror que é o OE. Mais um orçamento, mais uns cortes, ajustamentos, contrações e correções. Medidas avulso, atabalhoadas, feitas em folhas de mercearia, com todo o respeito que as mercearias nos merecem, ao ponto do Ministro da Saúde por em causa os cálculos do Ministério das Finanças.

O Governo continua a brincar ao “querido mudei a casa” em vez de mergulhar profundamente no “restoration home”. Todos concordam, todos confirmam, todos asseguram: «o sistema como existe não é sustentável no medio/longo prazo». Quantos OE terão de passar, quantas Troikas terão de vir, para que se mexa nas fundições da Republica? 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Comunicar com respeito

Bruno Faria Lopes assina hoje, no Diário Económico, um artigo muito oportuno, e que merece reflexão atenta, sobre a importância do respeito que o Governo deve mostrar para com os portugueses aquando da comunicação das medidas (austeras).

Têm sido vários, e de má memória, os episódios protagonizados pelos atuais governantes, em que a forma de comunicação das medidas, atabalhoada nuns casos, ou apenas pela metade noutros casos, serviu, apenas, para lançar a confusão geral entre os portugueses, agravando a sua falta de confiança na bondade das medidas propostas e, reflexamente, na viabilidade de Portugal para os próximos anos. A vaga de saída de portugueses do País continua…

A pouca habilidade do Governo em comunicar bem, e explicar de forma clara, as suas medidas, foi, por diversas vezes, suscitada na opinião pública, inclusive por personalidades ligadas aos próprios partidos da coligação.

Acusando o toque, e procurando inspirar-se nos célebres briefings da Casa Branca, o Governo instituiu, no Verão, encontros diários com a comunicação social para falar da governação e dos assuntos em curso, visando, assim, combater a desinformação.

Escusado será relembrar que os briefings à portuguesa foram um desastre comunicacional, tendo tido o inacreditável mérito de contribuir ainda mais para o desgaste do Governo.

Neste momento, os portugueses parecem ter adotado, perante às medidas que o Governo se propõe executar, ou que exclui de todo fazer, a mesma reserva de um famoso antigo dirigente desportivo “o que hoje é verdade, amanhã é mentira”.

É deveras preocupante o prazo de validade do que se anuncia. A medida que hoje se propõe é para se aplicar apenas a rendimentos superiores a 1000, mas amanhã já é a partir de 700, e no final da semana, afinal, são 500. Noutros casos, o segmento da população que hoje fica fora do âmbito de uma medida, amanhã, afinal, já passa também a estar contemplado….

Se nuns casos a volatilidade entre o que se anuncia numa segunda-feira e o que o conselho de ministros aprova na quinta, se deve à impreparação com que a medida foi elaborada, noutros casos fica-se com a ideia de que certas propostas foram propositadamente lançadas para os jornais visando testar a reação pública e, a partir dela, construir então a medida a propor.

Não se percebe, nem se pode tolerar esta falta de arte e engenho. Do Governo exige-se liderança e segurança. E isso, infelizmente, não é o que tem transparecido nos últimos meses.

Como diz o povo, na sua sabedoria, a «paciência tem limites». Como tal, e retomando o texto de Bruno Faria Lopes, não se deve ignorar que «a falta de respeito é o detonador da carga de frustrações e de descontentamento colectivo. Ignorar isto em Portugal no ano de 2013 é ser um catalisador de instabilidade num momento delicado.»
  
P.S. – Com o presente post, inicio hoje a minha colaboração no Sindicato Liberal, agradecendo ao JAE pelo convite feito. Espero que estas linhas, e outras que se seguirem, estejam à altura da responsabilidade!

sábado, 12 de outubro de 2013

A única pergunta que ninguém quer responder...

Podemos discutir as políticas do Governo, podemos debater as ideologias por detrás das medidas de austeridade, podemos condenar os governos anteriores, podemos comentar a esquerda e a direita, podemos comentar onde se vai cortar, porque não aqui, porque não além, podemos falar sobre o Tribunal Constitucional, sobre o caminho para o crescimento, podemos andar anos a falar sobre o mesmo e é o que temos feito...

... mas existe uma verdadeira questão que ninguém quer responder mas todos sabem a resposta.

Alguém honestamente intelectual, dotado com a mínima capacidade de somar e subtrair é capaz de responder à pergunta que se segue.

Nos moldes actuais, consegue Portugal pagar a dívida que tem?

Pelos dados oficiais que temos relativamente ao total da dívida contraída, prazos de pagamento, juros da dívida e as obrigações que o estado tem com os cidadãos portugueses... é um facto que Portugal não consegue fazer face a estas despesas, isto é um facto que ninguém quer falar, anda tudo a assobiar para o lado em vez de pegarem na raiz do problema.

Mesmo com a austeridade levada ao limite, mesmo tomando medidas ainda mais gravosas, mesmo cortando todos os subsídios e serviços sociais... a dívida é neste momento impagável e quem disser o contrário não está a ser sério, pode dizer que é estratégia para depois renegociar, mas não está a ser intelectualmente honesto.

O último dado oficial que saiu sobre a dívida portuguesa, sugeria que Portugal conseguiria honrar todos os seus compromissos e pagar a sua dívida nos moldes actuais se crescesse entre 6% a 8% ao ano, durante pelo menos uma década. 

Só a partir da resposta a esta pergunta podemos começar a debater seja o que for e iniciar o caminho para o crescimento do nosso país.

Podemos mesmo afirmar que tudo o resto é demagogia e puro ilusionismo e fé, muita fé.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Orçamento de Estado 2013 – Fevereiro de 2014


Como todos sabem perdemos a nossa soberania e estamos dependente dos nossos credores, para podermos honrar os nossos compromissos.

Conforme o acordado temos de pagar 21 mil milhões de euros durante o ano de 2014.

As medidas abaixo mencionadas foram aprovadas pelos nossos credores que acreditam plenamente no sucesso das mesmas e cabe a nós implementá-las para garantirmos a nossa soberania, o nosso regresso aos mercados e um crescimento a nível económico.

Medidas de requalificação da qualidade de vida e compressão diminuta e alargada dos rendimentos incrementados auferidos:

Imposto sobre a ocupação permanente e eterna de propriedade pública, nomeadamente cemitérios, para fins de luto e oração

(Todos os herdeiros legais irão contribuir com 0,5% do seu salário para o Governo de Portugal, porque nós honramos os mortos)

Taxa ecológica por consumo de O2

(Portugal um país pioneiro na redução da pegada ecológica irá proceder à taxação de 0,5% / mês a cada cidadão – como acto de boa fé, estão isentos desta taxa todos aqueles que só têm um pulmão)

Corte total do subsídio de desemprego

(Quem não serviu para trabalhar e foi piegas, não pode estar a receber dos outros cidadãos um contributo para ficarem na zona de conforto)

Taxa suplementar de apoio aos partidos em governação

(O Governo tem de negociar em nosso nome, como tal vai ser aplicada uma taxa de auxílio às deslocações dos ministros)

Imposto suplementar sobre produtividade mensal

(O Governo de Portugal está na linha da frente da luta para aumentar a produtividade laboral, esta medida aplica-se a empresas com mais de dois colaboradores e menos de novecentos mil e consiste na medição da produtividade, fazendo uma média mensal entre todos os colaboradores de empresa, a metade que produz menos terá uma taxa adicional no vencimento de 10% da diferença entre o salário mínimo e o seu ordenado actual)

Não queríamos tomar estas medidas, mas a gravidade da situação assim o exige e temos de honrar os compromissos com os nossos credores.

Nós assinámos um compromisso e como tal temos de o honrar, somos um povo honrado e trabalhador.

Esperemos que o Tribunal Constitucional não chumbe nenhuma das medidas acima citadas, pois estamos numa situação singular e única da nossa existência, como tal meus senhores temos de cumprir o que acordámos



Subvencedores

Está a sair, que nem pãozinho quente, o orçamento14. A austeridade vai-se manter conforme expectável, novos cortes se avizinham, e a praça fervilha com a discussão sobre onde é que se vai cortar e porquê?
É aqui que entra o tema das subvenções. 

Vamos por partes, o que é uma subvenção? É um subsídio vitalício que qualquer pessoa tem direito desde que tenha desempenhado cargos políticos de relevo nacional.

Segunda questão, mas esse beneficiário fez algo de extraordinário para poder receber essa pensão? Por exemplo, contribuiu para ela? É um herói da guerra do Ultramar? Não! É beneficiário porque representou a nação ao mais alto nível.

Terceira parte, então esse benefício é igual para todos. Errado, só a têm os iluminati que desempenharam essa função até 2005. Mas... se quem o faz depois de 2005 não tem direito a nada, porque é que quem o fez antes tem?

Quarta dúvida, o estado “investe” 9M€ anualmente neste subsídio, em que é que ele é útil para a economia? Ajuda na integração dos mais pobres? É dinheiro que depois é reinvestido na economia gerando produção, consumo, emprego, exportações? Não! Pois os seus beneficiários já têm o direito às suas pensões para as quais efetivamente contribuíram, já tem os seus próprios ordenados, para os quais efetivamente trabalham.

Por fim, alguma classe política, quer beneficiários do prémio como Bagão Felix quer partidos que vivem do jogo político de contradizer, têm dito que isto é fumo e demagogia barata, porque este corte não resolve os problemas do país. É verdade que não resolve, mas ajuda. Se pensarmos que cortes de 6, 7, 8, 9 milhões de € isolados não resolvem vamos continuar a cortar em pensões, subsídios de desemprego e investimento público.

9M€ podem dar emprego a 1300 pessoas que recebam o ordenado mínimo, com 9M€ pode-se criar um plano de ajuda aos desempregados de longa duração, com 9M€ pode-se investir em incentivos ou na angariação de investimento privado, com 9M€ pode-se criar um pólo de desenvolvimento regional.

Nove Milhões de Euros, podem ajudar alguns a serem vencedores. Hoje, não passam de subvencidos!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Coluna vertebral, precisa-se...

Hoje a directora do FMI, Christine Lagarde disse o seguinte:

"Portugal é um dos países em que o FMI disse que é preciso um pouco mais de tempo, porque um dos factores que o país pode ter para conciliar crescimento e consolidação orçamental é magro".

Recordamos que o FMI é um dos membros da Troika e que se senta à mesa de negociação com o governo português.

Como é possível o governo português liderado por Paulo Portas e acompanhado por Pedro Coelho não colocarem em cima da mesa as declarações da directora geral do FMI?

Afinal quem são os masoquistas desta história.... um dos principais credores diz que é preciso mais tempo, que se enganou nos cálculos e multiplicadores no seu Excel manhoso, diz que a austeridade tem limites e prejudica o crescimento e em muitos casos agrava a recessão... e nós é que dizemos, não dói nada, por nós ainda vinha mais austeridade, não precisamos de negociar nada, está tudo tranquilo.

Já para não falar do PR que tratou todos os portugueses como imbecis ao declarar que não devemos dizer que a dívida é insustentável porque se nem os credores o dizem, porque nós haveríamos de dizer.

Mas desde quando os credores vão dizer que os devedores não podem pagar a dívida e têm de renegociar ?! mas isto cabe na cabeça de alguém com o mínimo de inteligência, os credores acham sempre que temos dinheiro para pagar, para eles nem que tenhamos de estar na miséria há sempre maneira de pagar o que devemos.... os devedores é que têm de fazer prova da sustentabilidade da dívida.

Para além de se desmentir, pois já havia mencionado que a dívida era insustentável , acha que os portugueses são todos analfabetos e fáceis de manipular.

Tabu

“Unemployment can be blamed on a deficiency in aggregate demand (the total demand for goods and services in the economy, from consumers, from firms, by government, and by exporters); in some sense, the entire shortfall in aggregate demand – and hence in the U.S. economy – today can be blamed on the extremes of inequality. As we’ve seen, the top 1% of the population earns some 20% of U.S. national income. If that top 1 percent saves some 20 % of its income, a shift of just 5 % points to the poor or middle who do not save – so the top 1% would still get 15% of the nation’s income – would increase aggregate demand directly by 1 % point. But as the money recirculates, output would actually increase by some 1 ½ to 2 percentage points. In an economic downturn such as the current one, that would imply a decrease in the unemployment in early 2012 standing at 8.3%, this kind of a shift in income could have brought the unemployment rate down close to 6.3 percent. A broader redistribution, say, from the top 20% to the rest, would have brought down the unemployment further, to a more normal 5 or 6 percent.”

The price of inequality, Joseph E. Stiglitz, 2012

Portugal, vive actualmente uma situação preocupante ao nível de taxa de desemprego, sendo a taxa actualmente de 17%, representado o desemprego de longa duração (mais de 25 meses) já mais de 60% do total de desempregados. As taxas de IRS em Portugal estão neste momentos bastante altas, sendo que a mais elevada está actualmente em 54% (48% + 3.5% de sobretaxa IRS para todos os escalões + 2.5% de taxa adicional para o último escalão).
Analisando o pequeno excerto referido acima, é nos dito (apesar de a análise ser referente aos Estados Unidos da América, em baixo cito estudo feito sobre a desigualdade no rendimento  em Portugal) que retirando 5% do rendimento dos 20% maiores rendimentos e aumentado em 5% o rendimento dos 20% mais baixos, tal medida iria aumentar a procura entre cerca de 1 ½ % e 2%, juntando ainda o facto de 20% do rendimento dos 20% maoires rendimentos não ser gasto, enquanto que nos 20% mais pobres não existe poupança. Assim, apesar de estarmos a falar de uma medida que iria criar polémica e crítica, estamos a falar de uma medida que poderia ter um impacto significativo no aumento do crescimento económico e na diminuição do desemprego.
Na publicação “Distribuição do Rendimento, Desigualdade e Pobreza, de Carlos Farinha Rodrigues (2007)” é referido que “ao longo dos anos 90 Portugal conheceu um crescimento económico assinalável que se repercutiu no aumento do bem-estar social da população”, contudo "esse crescimento não beneficiou de igual forma todos os segmentos da distribuição, isto é, nem todos os indivíduos beneficiaram de igual forma da melhoria do bem-estar proporcionado pelo crescimento real do rendimento". “O padrão altera-se a partir de 1995. Na verdade, até à primeira metade da década a assimetria social aumentou generalizadamente, mas com particular ênfase entre os detentores de maior rendimento e as famílias mais desfavorecidas. Por seu turno, entre 1995 e 2000 assiste-se a uma atenuação das desigualdades, sobretudo nos níveis de rendimento inferiores à média. Em contrapartida, a distância entre estes e os mais favorecidos continuou a intensificar-se. Isto é, a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres não só não diminuiu como manteve o seu crescimento, embora a um ritmo menos acelerado. O que efectivamente se alterou foi a condição socioeconómica dos estratos mais baixos (melhorou sensivelmente).”
O estudo demonstra que as políticas sociais levadas a cabo na segunda metade dos anos 90 tiveram um impacto positivo na inversão de certas tendências que vinham desde o início da década. Contudo, este não alterou substancialmente os níveis de prevalência de pobreza, já que a percentagem de pessoas a viver com rendimentos inferiores à linha de pobreza (60% do rendimento mediano, por adulto equivalente) não sofre alterações significativas - permanecendo na casa dos 19% (segundo as estimativas do autor para o ano de 2000, um milhão novecentos e cinquenta e mil portugueses).
Este tipo de análise poderá ser controversa, pois sempre que se fala na hipótese de aumento de impostos sobre os rendimentos mais altos, aparecem logo nos media notícias de que estamos em risco de perder rendimento, pois deixamos de ser atractivos para a tributação de rendimento comparativamente com outros países europeus. Contudo, creio que se deveria ter em conta que necessitamos de ideias que possam melhorar o nível de desemprego e aumentar o crescimento económico e as opções que temos são diminutas. Apesar de achar que a sociedade portuguesa não é suficientemente madura relativamente a políticas de redistribuição, e sempre que se fala em aumentar impostos apenas para os rendimentos mais elevados se ouvir um bruá nos media, creio que se fosse feito um estudo que comprovasse, que com um aumento de imposto de 5% para os rendimentos mais altos da população e correspondente diminuição desse imposto para os 20% mais baixos, esta medida teria uma repercusão ao nível de crescimento económico e diminuição da taxa de desemprego tal seria provavelmente encarado de outra forma. Se esses 5% do rendimento mais alto forem comprovadamente poupados por quem os aufere e puderem ser usados para injectar dinheiro na economia, não era uma medida pertinente? Não era louvável para quem tem empresas (grande parte dos 20% de rendimentos mais altos devem inclusive ser empresários) poder ver a actividade das empresas aumentar? Tudo isto está interligado, pois com um aumento de rendimentos injectados na economia, o desemprego diminui, são pagos mais impostos, as empresas vendem mais......
No clima actual em que se fala inclusive de corte nas pensões de sobrevivência superiores a 600 euros,  acho que todas as possibilidades que possam ajudar a economia e o desemprego a melhorar deveriam ser analisadas. Sem tabus!

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O Simbolismo

A CGTP e possivelmente outros sindicatos independentes pretendem no dia 19 realizar uma manifestação na Ponte 25 de Abril. Porquê? Pelo simbolismo das manifestações de 1994. Mas será mesmo isso?

Parece-me que o problema é que a CGTP banalizou as manifestações, e consequentemente, já ninguém lhes liga, ninguém noticia, ninguém quer saber e quando ouvem, dizem… “é só mais uma”.

As manifestações da inter-sindical já não passam de um antibiótico num paciente que usa esse receituário para uma dor de garganta, ou seja, agora que tem uma doença grave, quer tomar o antibiótico no topo de um arranha-céus, porque acredita que o efeito será maior se for em grandes altitudes.

O que torna as manifestações simbólicas não é o seu local, é a capacidade mobilizadora. A maior manifestação dos últimos anos foi em Fevereiro de 2012, foi simbólica, foi marcante, e não foi preciso ir para cima de uma ponte… e também não foi preciso ser a CGTP a organizar.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Já não há pontes como antigamente

Bons velhos tempos onde não era considerado perigoso andar nas pontes, não vá alguém começar a saltar tipo "Lemmings" e depois já não temos ninguém a quem cortar as reformas...



Manifestantes a comer feijoada na Ponte Vasco da Gama


Manifestantes em fúria na Ponte 25 de Abril

Da esquizofrenia do Tuga

Eu vivo num país em que o (des)governo acaba de anunciar mais austeridade e mais cortes, desta vez nas pensões de viúvez a partir dos 600 euros

Eu vivo num país em que apenas há um serviço de urgência nocturno em funcionamento para toda a capital.

Eu vivo num país em que os professores são desprezados, empurrados para o desemprego, mas onde o governo paga rendas extraordinárias pelas “melhorias” do parque escolar - obra de parcerias publico-privadas - e anuncia com grande pompa e circunstância o maravilhoso “cheque escolar” que permitirá à plebe o acesso às escolas privadas da (pseudo) elite...Uma pura ilusão, tendo em conta que o que distingue essas escolas não é a qualidade do ensino ( onde pensam que foram formados os seus professores? ), mas a segregação social...

Eu vivo num país em que se prevê o desaparecimento de mais 22 mil empregos...

Mas … Eu vivo num país onde, no meu bairro, que virou “trendy” recentemente, novos centros comerciais de nome pomposos como “Embaixada” e restaurantes finos de nome “franciú” para impressionar o freguês - “Le jardin” - aparecem;

Eu vivo num país onde o povo acode em massa às “faixone naites”, luzindo o seu melhor “outfit”, copiado dos blogs de moda que glorificam o consumismo e vivem de publicidade encoberta...

Mas deserta manifestações e qualquer acto de contestação.

Eu vivo num país onde, na noite das eleições autárquicas, o líder de audiências é o“Big Brother” e a verdadeira vencedora a abstensão.

E pergunto-me:

Onde estão as vítimas das políticas supracitadas? Onde está quem sofre na pele a destruição do estado social sem precedentes desde o fim da ditadura? Será que estão a jantar, tal os “vencidos da vida” nos Maias, a filosofar, enquanto têm uns trocos para gastar em bebidas porque reinvindicar a sério é para “os esquerdistas radicais que cheiram mal” ?

De onde vem esta apatia e até quando durará?

Qual é a realidade do país?

Cidadão português com consciência procura-se. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Houve tempos em que havia vergonha na cara

Estamos no ano de 2010, Governo socialista liderado por José Sócrates, a dívida portuguesa sobe a olhos vistos e já vai nos 70% do PIB.

Eis que um alerta lúcido surge no horizonte, alguém com visão e sabedoria, um técnico que disse o seguinte:

"Só nos resta (a nós e a outros) o possível caminho da reestruturação da dívida. Ou seja, ir falar com os nossos credores e dizer-lhes que dos 100 que nos emprestaram já só vão receber 70 ou 80 (…) se mantivermos os níveis actuais de dívida, dificilmente conseguiremos crescer a níveis aceitáveis … e se não crescermos morremos.” 

Carlos Moedas - actual - Secretário de Estado Adjunto do 1º Ministro

Recordo que a dívida neste momento está nos 128% do PIB.

Agora que dizer disto, que moral tem este senhor para falar seja do que for, é ou não é de obrigar este sem vergonha admitir isto que disse, ou então dizer que estava errado em 2010 e não percebia nada do assunto, ou seja incompetente das duas maneiras.

É esta gente que nos está a governar,  Carlos Moedas "o masoquista" em 2010, o optimista em 2013.

O homem que faz a “Machete”

Esta semana que passou trouxe mais um episódio na já longa novela política do Ministro dos Negócios Estrangeiros. Rui Machete é uma das muitas figuras do sistema político que a nossa democracia faz o favor de alimentar e desenvolver. É uma personalidade que todas as empresas que pretendem mover influências junto das mais altas esferas políticas gostariam de contar como administrador não-executivo ou consultor, não que daí advenha algum contributo produtivo para a mesma, mas apenas porque pode “abrir” algumas portas.

É nessa ótica que Passos Coelho o nomeou para Ministro. Machete como senador acalmou as hostes mais conservadoras do partido, aqueles que justificam as incompetências do governo com a falta de experiência dos seus elementos, como se da experiência automaticamente viesse competência.

Prova viva do falhanço dessa premissa, Rui Machete ajoelhou-se aos pés de Angola e arrastou consigo a Republica Portuguesa. Ao ouvir o pedido de desculpas e o colocar em causa da justiça portuguesa, ocorre-me apenas qualificar a sua prestação como Ministro parafraseando o Papa Francisco quando comentou a ultima (mais uma) tragédia de Lampedusa…

«É uma vergonha!»