terça-feira, 1 de outubro de 2013

As autárquicas

Após o apuramento final dos resultados, o PS consegue obter o resultado de 36%, o PSD sozinho ou coligado à volta dos 31%. Se a isso juntarmos o CDS, os partidos que nos governam ficam com 34,5% dos votos. Olhando apenas para os números e contando as câmaras, dir-se-ia que é uma vitória estrondosa do PS e uma grande derrota, principalmente para o PSD, que perde mais de 100 mandatos (vereadores).

Mas estes resultados têm de ser lidos influenciados pelo enquadramento económico que o país atravessa. E aí, é perfeitamente visível que o PS tem um resultado medíocre. Comparativamente a 2009, o PS perde 273mil votantes. Seguro consegue atingir os objetivos a que se propôs, mais 1 voto que o PSD, mas não consegue capitalizar o momento atual do país e o descontentamento da população perante a realidade económica. O PSD não deixa de ser um derrotado destas eleições e o CDS pode “gritar” vitoria porque quintuplicou os seus autarcas e “colou-se” de forma bem oportuna a Rui Moreira no Porto.

As grandes vitórias da noite são para a CDU e os Independentes. O Alentejo volta a ser vermelho e a península de Setúbal volta a ser também um bastião comunista. Ainda assim é curioso ver que a base eleitoral não muda muito. Versus 2009 a CDU apenas cresce 13mil votos. A grande questão é que em municípios pouco populosos esse número teve um impacto relevante. Mas este número não permite concluir que o voto de protesto tenha sido na CDU. Os Independentes, com vitórias importantes em concelhos de referência como o Porto, Oeiras e Matosinhos e ficando quase em Sintra foram os outros vencedores da noite. Estes movimentos cresceram 120mil votos. Se juntarmos abstenção, nulos e brancos, que fazem um total de mais 300mil eleitores, dir-se-ia que o voto de protesto não foi para a CDU, muito menos para o PS e ainda menos para outros partidos.

A grande hecatombe deu-se na Madeira, onde o Jardinismo entrou oficialmente em declínio. Do ponto de vista da gestão orçamental da região autónoma parece-me que indiretamente este foi um curioso resultado, Jardim em jeito de vingança vai fechar as torneiras aos municípios que não são PSD permitindo uma melhor racionalização dos fundos regionais.

Em jeito de conclusão, Seguro “Segura-se” mas colado com saliva. Nitidamente o eleitorado da ala centro/direita não lhe deu o voto de confiança em forma de protesto/alternativa e algum do centro/esquerda também não. Costa com a enorme vitória em Lisboa mostra mais uma vez que será a sua sombra para os próximos tempos. O PSD e Passos Coelho saem derrotados, mas apesar de tudo o que têm feito, não viram os resultados das suas políticas serem chumbados pelos portugueses. Fica claro que os maus resultados autárquicos do PSD devem-se mais a tiros no pé com péssimos candidatos a perderem municípios que estavam garantidos, como Sintra e Gaia, e até mesmo o Porto. Consequentemente, derrota pesada para o líder do PSD e uma derrota esperada para o Primeiro Ministro.


Como nota final seria impossível branquear a vitória de Isaltino em Oeiras, o concelho mais “inteligente” do país confia em criminosos. Mostrando que não existe qualquer relação entre formação académica e formação cívica. 

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