terça-feira, 8 de outubro de 2013

Da esquizofrenia do Tuga

Eu vivo num país em que o (des)governo acaba de anunciar mais austeridade e mais cortes, desta vez nas pensões de viúvez a partir dos 600 euros

Eu vivo num país em que apenas há um serviço de urgência nocturno em funcionamento para toda a capital.

Eu vivo num país em que os professores são desprezados, empurrados para o desemprego, mas onde o governo paga rendas extraordinárias pelas “melhorias” do parque escolar - obra de parcerias publico-privadas - e anuncia com grande pompa e circunstância o maravilhoso “cheque escolar” que permitirá à plebe o acesso às escolas privadas da (pseudo) elite...Uma pura ilusão, tendo em conta que o que distingue essas escolas não é a qualidade do ensino ( onde pensam que foram formados os seus professores? ), mas a segregação social...

Eu vivo num país em que se prevê o desaparecimento de mais 22 mil empregos...

Mas … Eu vivo num país onde, no meu bairro, que virou “trendy” recentemente, novos centros comerciais de nome pomposos como “Embaixada” e restaurantes finos de nome “franciú” para impressionar o freguês - “Le jardin” - aparecem;

Eu vivo num país onde o povo acode em massa às “faixone naites”, luzindo o seu melhor “outfit”, copiado dos blogs de moda que glorificam o consumismo e vivem de publicidade encoberta...

Mas deserta manifestações e qualquer acto de contestação.

Eu vivo num país onde, na noite das eleições autárquicas, o líder de audiências é o“Big Brother” e a verdadeira vencedora a abstensão.

E pergunto-me:

Onde estão as vítimas das políticas supracitadas? Onde está quem sofre na pele a destruição do estado social sem precedentes desde o fim da ditadura? Será que estão a jantar, tal os “vencidos da vida” nos Maias, a filosofar, enquanto têm uns trocos para gastar em bebidas porque reinvindicar a sério é para “os esquerdistas radicais que cheiram mal” ?

De onde vem esta apatia e até quando durará?

Qual é a realidade do país?

Cidadão português com consciência procura-se. 

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