terça-feira, 15 de outubro de 2013

Quo vadis Portugal? Quo vadis Europa?

Nesta noite de publicação do OE2014, vulgo roubo generalizado, e tendo em conta a mediocridade da nossa vida política, convém interrogar-nos sobre a questão: De onde virá a nossa salvação?

O nosso querido governo, que age mais como um representante de um protectorado económico do que como o de um país soberano,  continua a apregoar uma futura retoma económica e a vender lá fora, aos nosso credores e à patroa alemã, que o povo português vai cumprir os designos da Troika "custe o que custar". Mansinhos...Sem estrebuchar como os Gregos e a sua vergonha neonazi, ou os ingovernáveis Italianos, ou ainda os Espanhóis e as suas plataformas anti-despejo e regiões com laivos independentistas.

Não me parece haver num futuro próximo nenhuma mudança de política europeia que vote num perdão parcial ou compra directa da nossa dívida, o que permitiria diminuir o sufoco do nosso pequeno país.

Quanto às próximas eleições europeias, adivinha-se o pior. A extrema direita alastra: da Grécia à Austria e agora em França onde os eleitores tradicionais da esquerda, desiludidos com um PS que aplica as mesmas receitas neo-liberais, vêem a sua salvação no FN, que promete protecção contra os estrangeiros e a Europa, criando uma amálgama que lhes dá jeito. E resposta da esquerda tradicional não há, porque a verdade é que está comprometida com a mesma política de austeridade.

http://expresso.sapo.pt/extrema-direita-vence-eleicao-no-sul-de-franca=f835457

E cá? Será que o mesmo pode suceder? Por enquanto parece improvável por sermos "um país de brandos costumes" com uma taxa de imigração que não parece constituir tão forte ameaça para os Portugueses...Mas vejo outro perigo aproximar-se, fruto do mesmo desespero da população, falta de solidariedade e civismo que este governo reforça a cada medida que implementa: contra os funcionários, contra os reformados, contra os professores etc...

Este perigo é conhecido como "a lei da selva": com uma esquerda tradicional culpada por ter assinado o memorando da troika, o BE e PC vistos com "extrema esquerda perigosa" e uma direita comprometida com os maiores escândalos e longe da visão de Sá Carneiro. O que nos resta?

Alienar-nos da vida política - a abstenção nas últimas eleições sendo um sinal desse caminho - e lutarmos uns contra os outros para manter pequenos privilégios. Manter a cunha para ter médico, fazer o jogo dos privados e pagar um seguro de saúde para quem pode enquanto o SNS se desmorona, não participar em greves nem em manifs porque "não serve para nada" enquanto se tem emprego...

Desfecho? Um país miserável e um retrocesso de 40 anos em pouco tempo...

Que fazer então? A única outra solução que vejo é sacudir a apatia. Lembrar-se de que tudo o que foi conquistado foi à força, nunca dado. Participar em tudo: em associações cívicas, em manifs, em greves, reclamar, indignar-se, denunciar dia e noite a corrupção e incompetẽncia, vaiar os autores da farsa e não esquecer que ninguém vai sair incólume, boicotar escolas privadas, hospitais privados, usar tudo o que o Estado nos deve dar e se o acesso for difícil: reclamar. Infiltrar os partidos, obrigá-los a deixar de usar os seus militantes como peões a colocar em sítios estratégicos. Vale tudo menos deixar o país nas mãos dos abutres dos privados e nesta promiscuidade incestuosa entre política e negócios.

Temos de apostar na luta, na solidariedade e no civismo. É utopia? Talvez. Mas estamos a precisar de voltar a ter algumas noções de ética.


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