Bruno
Faria Lopes assina hoje, no Diário Económico, um artigo muito oportuno, e que
merece reflexão atenta, sobre a importância do respeito que o Governo deve
mostrar para com os portugueses aquando da comunicação das medidas (austeras).
Têm
sido vários, e de má memória, os episódios protagonizados pelos atuais
governantes, em que a forma de comunicação das medidas, atabalhoada nuns casos,
ou apenas pela metade noutros casos, serviu, apenas, para lançar a confusão
geral entre os portugueses, agravando a sua falta de confiança na bondade das
medidas propostas e, reflexamente, na viabilidade de Portugal para os próximos
anos. A vaga de saída de portugueses do País continua…
A
pouca habilidade do Governo em comunicar bem, e explicar de forma clara, as
suas medidas, foi, por diversas vezes, suscitada na opinião pública, inclusive
por personalidades ligadas aos próprios partidos da coligação.
Acusando
o toque, e procurando inspirar-se nos célebres briefings da Casa Branca, o Governo instituiu, no Verão, encontros diários
com a comunicação social para falar da governação e dos assuntos em curso,
visando, assim, combater a desinformação.
Escusado
será relembrar que os briefings à
portuguesa foram um desastre comunicacional, tendo tido o inacreditável
mérito de contribuir ainda mais para o desgaste do Governo.
Neste momento, os portugueses parecem ter adotado,
perante às medidas que o Governo se propõe executar, ou que exclui de todo
fazer, a mesma reserva de um famoso antigo dirigente desportivo “o que hoje é
verdade, amanhã é mentira”.
É deveras preocupante o prazo de validade do
que se anuncia. A medida que hoje se propõe é para se aplicar apenas a rendimentos
superiores a 1000, mas amanhã já é a partir de 700, e no final da semana,
afinal, são 500. Noutros casos, o segmento da população que hoje fica fora do
âmbito de uma medida, amanhã, afinal, já passa também a estar contemplado….
Se nuns casos a volatilidade entre o que se
anuncia numa segunda-feira e o que o conselho de ministros aprova na quinta, se
deve à impreparação com que a medida foi elaborada, noutros casos fica-se com a
ideia de que certas propostas foram propositadamente lançadas para os jornais visando
testar a reação pública e, a partir dela, construir então a medida a propor.
Não se percebe, nem se pode tolerar esta falta
de arte e engenho. Do Governo exige-se liderança e segurança. E isso,
infelizmente, não é o que tem transparecido nos últimos meses.
Como diz o povo, na sua sabedoria, a «paciência
tem limites». Como tal, e retomando o texto de Bruno Faria Lopes, não se deve
ignorar que «a falta de respeito é o detonador da carga de
frustrações e de descontentamento colectivo. Ignorar isto em Portugal no ano de
2013 é ser um catalisador de instabilidade num momento delicado.»
P.S. – Com o presente post, inicio hoje a minha colaboração no Sindicato Liberal,
agradecendo ao JAE pelo convite feito. Espero que estas linhas, e outras que se seguirem, estejam à altura da
responsabilidade!
A comunicação não é o forte deste Governo. É aliás uma grande falha. Curiosamente agora, a propósito do anúncio do OE 2014, parece-me que o problema não é de falta de comunicação mas da estratégia seguida. A estratégia foi ventilar cá para fora antes dos anúncios as novas medidas, dar como adquiridas as medidas comunicadas à Troika em maio ou abril passados, anunciar formalmente só umas coisitas que fiquem bem para a fotografia. Podemos discordar, e bem, mas foi a estratégia escolhida.
ResponderEliminarOra essa FM, é um prazer ter-te como "sindicalista"
ResponderEliminar